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Regina Navarro Lins

"Meu parceiro propôs relação aberta, mas não suporto vê-lo com outro homem"

Universa

22/07/2019 04h00

"Sou um homem bissexual. Fui casado por cinco anos com uma mulher, mas nos separamos. Encontrei Néstor por acaso, no aeroporto, quando ele estava chegando de Buenos Aires e eu fora levar minha irmã para um embarque internacional. Ele me invadiu com seu sorriso conquistador. Eu não ia pra cama com um homem há algum tempo, mas não resisti. Tudo nele era sedução. Acabei em seus braços fortes e fomos morar juntos.  Imaginei que seríamos apenas mais um casal apaixonado, mas algumas semanas depois de nossa lua de mel ele me disse que não consegue ter sempre o mesmo parceiro. Propôs termos liberdade de transarmos com quem quisermos, apesar de nos amarmos. Acabei concordando por medo de perdê-lo. Mas imaginá-lo com outro homem está sendo insuportável pra mim."

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A maioria das pessoas tem apenas um relacionamento íntimo, tido como monogâmico. Trata-se de uma relação fechada em que não se admite a presença de mais ninguém. Mas há os que têm relações não monogâmicas. Nesse caso, cada um pode compartilhar a intimidade com outras pessoas, sem que o parceiro fixo se sinta magoado ou enganado.

Leonie Linssen é orientadora de casais, com especialidade em tipos alternativos de relacionamentos. Ela se apresenta na Holanda em programas no rádio e na TV. Stephan Wik é taoísta, praticante e codiretor do The Wuji Centre, na Bélgica, e tem vasta experiência no que diz respeito a relacionamentos íntimos. Ambos mantêm, há anos, relacionamentos abertos. Escreveram juntos o livro "Amor sem barreiras", do qual reproduzo alguns trechos.

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A base de um relacionamento aberto é a honestidade e a transparência entre todos os envolvidos. O que exatamente a intimidade com outras pessoas implica depende dos nossos desejos e anseios. Alguns querem apenas flertar, outros podem querer proximidade, amizades íntimas com outros homens ou mulheres. Alguns desejam ter encontros em que possam flertar, beijar ou talvez ir além. Outros estão à procura de casais com quem passar uma noite erótica juntos em casa ou no clube de swing.

O que para alguns é uma aventura a mais, para outros é apenas o primeiro passo. Alguns abrem o relacionamento para incluir relações complementares contínuas com outras pessoas. Os que se identificam com poliamorosos muitas vezes gostariam de poder expressar seu amor por outros de muitas maneiras diferentes. Para os autores, um relacionamento aberto é aquele que oferece mais possibilidades do que simplesmente "você e eu". Nós mesmos resolvemos o que "aberto" significa.

Abrir um relacionamento não é algo que normalmente seja feito por capricho. Não é uma decisão que tomamos no sábado à noite e na sexta-feira seguinte estamos prontos para executá-la. Muitos casais falam sobre isso, mas não se arriscam a partir para prática com medo do impacto sobre a própria relação.

Outros casais discutem a ideia durante anos antes de decidir ampliar seus limites de relacionamento. Mesmo assim, pode ser necessário que se passem meses ou até anos antes que os parceiros envolvidos encontrem a melhor maneira de manter seu relacionamento aberto.

É um processo que pode trazer paixão renovada, diversão e momentos emocionantes a uma relação, mas também oferecerá desafios que realmente a coloquem em teste. Em outras palavras, abrir um relacionamento pode demandar tempo e energia e requer cuidados para assegurar que decepções sejam evitadas ou adequadamente tratadas.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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