Leilão de esposas foi solução para infelicidade conjugal no século 19
Um dos primeiros levantamentos quantitativos sobre a felicidade conjugal foi feito por Gross Hofffinger, na Alemanha, em 1847. Dos cem casamentos pesquisados, descobriram 48 casais infelizes; 36 indiferentes um ao outro, mas conseguindo viver juntos; 15 felizes e um muito feliz. A responsabilidade foi colocada nos homens na proporção de 5 para 1.
William Alcott, num livro intitulado "A esposa jovem", de 1833, escreveu que havia "uma opinião generalizada" segundo a qual "o amor do marido e da esposa deveria estar em declínio necessariamente após o casamento". Casais deixaram cartas deplorando "a infelicidade quase universal das pessoas casadas".
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As noivas estavam assustadas pelos "grandes e desconhecidos deveres para os quais me sinto incompetente", não apenas os deveres domésticos, mas a necessidade de transformar os maridos em homens "virtuosos e felizes". "É terrível eu me amarrar assim para a vida inteira", diziam.
O historiador inglês Theodore Zeldin assinala que no século 19 as mulheres começaram a agir para modificar a relação com os homens. Uma de suas fórmulas consistiu em dizer-lhes exatamente o que sentiam e pensavam. A isso chamaram "franqueza". A tradição mantinha os sexos separados em dois mundos distintos, o físico e o mental. "A sociedade não permite uma amizade sincera entre homens e mulheres", anotou uma noiva em 1860, "mas eu não serei hipócrita."
Em alguns casos eram adotadas medidas drásticas para aliviar a infelicidade conjugal. Existia na Inglaterra uma noção que se pondo a esposa em leilão, com a permissão dela, os laços conjugais podia ser legalmente rompidos. Em 1832, o agricultor Joseph Thomson pôs a esposa de 22 anos no leilão por 50 xelins. O preço não correspondia ao valor real, de modo que se livrou dela por 20 xelins e um cachorro.
Na primeira metade do século 20, uma mulher se considerava feliz se seu marido não deixasse faltar nada em casa e fizesse todos se sentirem protegidos. Para o homem, a boa esposa seria aquela que cuidasse bem da casa e dos filhos e, mais que tudo, mantivesse sua sexualidade contida. As mudanças começaram a ocorrer mais claramente após 1940, com o incentivo dos filmes de Hollywood.
O casamento por amor passou a ser sinônimo de felicidade e, por conseguinte, uma meta a ser alcançada por todos. As expectativas passaram a ser realização afetiva e prazer sexual. Se as pessoas se frustram em alguma dessas expectativas, ocorre a separação. Elas só começaram a se separar depois que o amor entrou no casamento. E é por isso é que há tanta separação.
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