A ideia de que há pecado no sexo causa sofrimento desde a infância
O sexo sempre teve destaque na história da humanidade. Dependendo da época e do lugar, foi glorificado como símbolo de fertilidade e riqueza, ou condenado como pecado. A condenação do sexo surgiu com o patriarcado, há cinco mil anos. Restringindo-se, no início, às mulheres, para dar ao homem a certeza da paternidade. Há dois mil anos a repressão sexual generalizou-se. O padrão moral tornou-se, em tese, o mesmo para homens e mulheres, embora na prática houvesse maior condescendência para com o homem.
Para a filósofa Marilena Chauí, a repressão sexual é um fenômeno curioso, na medida em que algo meramente biológico e natural sofre modificações quanto ao seu sentido, à sua função e à sua regulação quando é deslocado do plano da Natureza para o da Sociedade, da Cultura e da História.
Entretanto, a repressão não é apenas algo que vem de fora, submetendo as pessoas. As proibições e interdições externas são interiorizadas, convertendo-se em proibições e interdições internas, vividas sob a forma de vergonha e culpa. Quando a repressão é bem-sucedida, já não é sentida como tal e a aceitação ou recusa por um determinado tipo de comportamento é vivido como se fosse uma escolha livre da própria pessoa.
Para Freud, o sofrimento humano tem três origens: a força superior da natureza, a fragilidade dos nossos corpos e a inadequação das normas que regulam as relações mútuas dos indivíduos na família, no Estado e na sociedade. A doutrina de que há no sexo algo pecaminoso é totalmente inadequada, causando sofrimentos que se iniciam na infância, período em que começamos a sofrer com a repressão sexual, e continuam pela vida afora.
Embora no século 20 a moral sexual tenha sofrido grandes transformações e homens e mulheres não acreditem conscientemente que o ato sexual seja tamanho pecado, no inconsciente, os antigos tabus ainda persistem. O sexo continua sendo um problema complicado e difícil, com muitas dúvidas. A maioria das pessoas dedica um tempo enorme de suas vidas às suas fantasias, desejos, temores, vergonha e culpa sexuais.
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