Poliamor? Swing? Predomínio de novas formas de amor é só questão de tempo
Atendo em consultório há 46 anos pacientes em terapia individual e de casal. De aproximadamente cinco anos para cá, passei a receber casais trazendo novos conflitos, que ocorrem porque uma das partes propõe a abertura da relação – partir para uma relação não monogâmica — relações livres, poliamor, amor a três — ou então uma nova prática sexual como sexo a três, swing…
Em geral, a outra parte se desespera com essa possibilidade, se sente desrespeitada, não amada. Muitos vivem grandes conflitos nesse período de transição entre antigos e novos valores.
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A mudança na forma de pensar e viver as relações amorosas começou após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Com a destruição de Hiroshima e Nagasaki, a ameaça da bomba atômica paira na cabeça dos jovens. Com o sentimento de insatisfação que isso provoca, eles começam a questionar os valores de seus pais.
Muitos deles, principalmente nos Estados Unidos, se recusam a dar continuidade a um estilo de vida que consideram medíocre e superficial. Um sentimento de angústia e aversão a um mundo suicida paira na cabeça deles e uma profunda mudança começa a acontecer.
Mas a Revolução Sexual não poderia acontecer sem que um novo produto chegasse ao mercado: a pílula anticoncepcional, que dissociou sexo da procriação e o aliou ao prazer. As mulheres se libertaram da angústia da maternidade indesejada.
Os movimentos de contracultura — Feminista, Hippie, Gay — se erguem em todo o mundo. A marcha da liberdade envolve a Europa e em maio de 1968 explode em Paris.
Essa geração foi a primeira a colocar em questão a tradição do amor romântico, passivamente aceita pelas gerações anteriores. A descoberta da possibilidade de se amar várias pessoas ao mesmo tempo e ter uma vida afetiva mais rica, mais diversificada, foi a grande revelação.
Como em toda transição, observamos comportamentos díspares — alguns muito libertários e outros ainda conservadores. Não são poucos os que temem viver de forma diferente da que estão acostumados. Afinal, o novo assusta e o desconhecido gera insegurança. Mas acredito que o predomínio das novas formas de amar seja apenas uma questão de tempo.
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