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Regina Navarro Lins

O ideal masculino de virilidade e a violência sem fim contra a mulher

Universa

18/04/2020 04h00

Em fevereiro de 2011, a repórter norte-americana Lara Logan foi estuprada por vários homens enquanto fazia uma cobertura jornalística no Cairo, Egito. Ela foi levada de volta para os EUA e passou os quatro dias seguintes hospitalizada.

Essa terrível violência tem uma longa história. Quando o sistema patriarcal se instalou, há aproximadamente 5.000 anos, e a sociedade de parceria entre homens e mulheres cedeu lugar à dominação masculina, a mulher passou a ser uma mercadoria valiosa. Rapto seguido de estupro foi o método mais usado de adquiri-la. Desde então, ocorrem estupros em toda parte, em todas as épocas.

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O estupro coletivo, autorizado socialmente na Idade Média (séculos 5 ao 15) e mesmo depois, é um dos exemplos. Os jovens se reuniam em associação. Era um bando institucionalizado que saía pelas ruas estuprando as moças. Havia conselhos da melhor forma de praticar um estupro: "Com uma mão levante a sua roupa e, em seguida, encaixe o membro ereto/Em seu sexo. Deixe-a gemer e gritar… Pressione seu corpo contra o seu e satisfaça os seus desejos com ela".

A violência masculina varia de uma sociedade para outra e de um indivíduo para outro. É claro que nos lugares em que a dominação do homem ainda predomina, ela é bem mais perigosa. Para provar sua virilidade o homem, com frequência, manifesta brutalidade e tem reações rápidas e agressivas.

Uma das explicações possíveis para tanta violência seriam os esforços exigidos dos homens para corresponder ao ideal masculino da sociedade patriarcal – força, sucesso, poder –, que provocam angústia, dificuldades afetivas, medo do fracasso e comportamentos compensatórios potencialmente perigosos e destruidores.

Contudo, apesar de tantas violências, as mentalidades começaram a mudar com o movimento feminista dos anos 1960/70. Estamos no meio de um processo de profunda transformação. As constantes críticas ao feminismo e às feministas são incompreensíveis. Só consigo imaginar duas hipóteses: essas pessoas desconhecem totalmente a história ou não se importam que as mulheres continuem sendo humilhadas, violentadas e assassinadas.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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