Por que está cada vez mais difícil continuarmos casados?
Não são poucas as mulheres solteiras, com mais de 35 anos, que lamentam nunca terem se casado. A ansiedade para encontrar um par amoroso fixo e estável é constante. Na nossa cultura se acredita que só é possível estar bem vivendo uma relação amorosa, e é comum se buscar no casamento realização afetiva e prazer sexual. Mas não foi sempre assim.
Na Idade Média o casamento era considerado algo muito sério para que dele fizesse parte o amor, que não era nem cogitado. A partir do final do século 18, o amor no casamento passou a ser uma possibilidade e no século 20 tornou-se tão valorizado que é difícil imaginá-lo como inovação recente.
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Na primeira metade do século 20, uma mulher se considerava feliz se seu marido não deixasse faltar nada em casa e fizesse todos se sentirem protegidos. Para o homem, a boa esposa seria aquela que cuidasse bem da casa e dos filhos e, mais que tudo, mantivesse sua sexualidade contida. As mudanças começaram a ocorrer mais claramente após a década de 40. O casamento por amor passou a ser sinônimo de felicidade e, por conseguinte, uma meta a ser alcançada por todos.
Da mesma forma que antes era inadmissível casar por amor, surge uma crítica severa a quem se casa sem amor. Entretanto, a modificação radical dos costumes se inicia na década de 60, com o advento da pílula anticoncepcional. A mulher reivindica o direito de fazer do seu corpo o que bem quiser, e assim a sexualidade se dissocia pela primeira vez da procriação.
O modelo de casamento romântico, para a vida toda, em que deve ser alcançada a complementação total entre os parceiros, passa a ser questionado.
E agora, a quantas anda o casamento? Tudo indica que se torna cada vez mais difícil permanecer casado. A autorrealização das potencialidades individuais passa a ter outra importância, colocando a vida conjugal em novos termos. Acredita-se cada vez menos que a união de duas pessoas deva exigir sacrifícios.
Observa-se uma tendência a não se desejar mais pagar qualquer preço apenas para ter alguém ao lado. É necessário que o outro enriqueça a relação, acrescente algo novo, possibilite o crescimento individual.
Não é nada fácil harmonizar a aspiração de individuação com o casamento, mas homens e mulheres estão cada vez menos dispostos a sacrificar seus projetos pessoais. Portanto, é provável que, do ponto de vista afetivo-sexual, o grande conflito que se vive neste momento se situe entre o desejo de simbiose – fusão com o outro – e o desejo de liberdade.
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