O mito da masculinidade e a difícil arte do homem amar e ser amado
Uma pesquisa, publicada no periódico americano Journal of Counseling Psychology, concluiu que homens que se sentem com poder sobre as mulheres, ou seja, os homens machistas são mais propensos a ter problemas psicológicos do que os que não pensam desse jeito. Cientistas da Universidade de Indiana, EUA, analisaram 78 estudos envolvendo 19.453 pessoas.
O foco foi entre a saúde mental e as expectativas que se tem do homem numa sociedade patriarcal como: desejo de vencer, autoconfiança, a vontade de correr riscos, poder sobre as mulheres, busca por status e a necessidade por controle emocional.
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Não há dúvida de que o machismo prejudica o homem. O esforço exigido para ser "homem de verdade" provoca angústia, medo do fracasso e dificuldades afetivas. Há um impasse: de um lado uma proibição social contra quem expressa sentimentos considerados femininos, do outro, a crítica cada vez maior ao homem machista.
A filósofa francesa Elizabeth Badinter diz: "Ao contrário da mulher, o homem é estimulado a ser independente desde que nasce. É uma luta contínua, em que deve estar sempre alerta. E para ser considerado masculino deve rejeitar e se opor a tudo o que é feminino. Geralmente o menino se defende temendo as mulheres e também repudiando em si próprio qualquer aspecto considerado feminino como ternura, passividade, preocupação com os outros."
Há uma diferença nítida nas atitudes sociais dos homens e das mulheres e é fácil, então, concluir que são realmente diferentes. Na realidade, a natureza só traz a anatomia e a fisiologia. Tudo mais é produto de cada cultura e de cada grupo social. Atitudes e comportamentos femininos e masculinos são ensinados às crianças desde muito cedo, e dessa forma vão sendo assimilados a ponto de serem confundidos, mais tarde, como fazendo parte de suas naturezas.
Uma pesquisa do Ibope, realizada em 2017, e que ouviu 2.002 mil pessoas, em todas as regiões do país, concluiu que o machismo está presente no cotidiano de 99% dos brasileiros. Para Ricardo Sales, pesquisador em Diversidade na USP, o preconceito está naturalizado na sociedade brasileira. "A pesquisa alerta para a necessidade de falar mais sobre o assunto e refletir sobre atitudes que impedem o respeito e a conexão entre as pessoas no dia a dia", diz ele.
Homens e mulheres podem ser fortes e fracos, corajosos e medrosos, agressivos e dóceis, passivos e ativos, dependendo do momento e das características de personalidade que predominam em cada um, independente do sexo.
E eles têm as mesmas necessidades psicológicas — amar e ser amado, expressar emoções —, mas o ideal do homem impede-lhe a satisfação dessas necessidades, abrindo espaço para a violência masculina no dia a dia. Essa violência não é a mesma em todos os lugares. É muito maior onde se cultua o mito da masculinidade.
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