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Regina Navarro Lins

"Nunca tive orgasmo e tenho me sentido menos mulher por isso"

Universa

14/10/2019 04h00

 

 

"Nunca tive orgasmo, e tenho me sentido menos mulher por isso! Já tive vários namorados e sempre é a mesma coisa: o homem goza logo e eu fico vendo navios. Às vezes me dá até vontade de desistir do sexo."

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Pela nossa História vemos que o prazer da mulher no sexo nunca foi bem aceito. No século 19, o famoso médico inglês Lord Acton, por exemplo, declarou: "Hoje, felizmente sabemos que essa história de que mulher tem prazer no sexo não passa de uma calúnia vil." Esse absurdo representava o pensamento da época.

Apesar de toda a liberação das últimas décadas, cerca de 2/3 das mulheres não têm orgasmo. O sexo é um aprendizado. Natural e espontâneo é, sem dúvida, para a procriação, mas não para o prazer. A antropóloga americana Margareth Mead (1901-1978), após estudar os hábitos sexuais das pessoas comuns em dezenas de sociedades, concluiu que a capacidade para o orgasmo é uma resposta aprendida, que uma determinada cultura pode ou não ajudar as mulheres a desenvolver.

Até algumas décadas atrás, isso não era motivo de preocupação. O sexo para a mulher era apenas uma obrigação, visando ao prazer do homem e à procriação, e seu orgasmo não era nem cogitado. Atualmente, a mulher reivindica o prazer e se sente "menos mulher" se nunca atinge o orgasmo. Muitas vezes isso se torna um problema tão sério que acaba afetando sua autoestima, prejudicando outras áreas da vida. Raramente a falta de orgasmo se deve a um problema orgânico.

No Ocidente, algumas mulheres, conseguem desafiar a educação repressora que tiveram e experimentar muito prazer no sexo. Outras se esforçam para cultivar a própria sexualidade, mas a participação do parceiro é fundamental. A mais livre e sensual das mulheres não terá orgasmo algum se não receber o estímulo apropriado.

A cultura patriarcal impôs um modelo de relacionamento, que transformou o sexo num meio de afirmação da masculinidade para os homens e de submissão para as mulheres. É muito provável que, se libertando deste modelo, ambos comecem a usufruir livremente da troca de sensações de prazer, e o orgasmo se torne muito melhor e fácil de ser alcançado.

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Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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