Monogamia em xeque prova que quem ama também trai
"Acho que a coisa mais corajosa que fiz foi tomar a decisão de permanecer em meu casamento", disse a ex-primeira-dama, dos EUA, Hillary Clinton. Após o escândalo sexual envolvendo o então presidente e a estagiária Monica Lewinsky, em 1998. Muitos a criticaram por continuar casada com um homem "infiel". Mas será que fidelidade tem a ver com sexualidade?
Um dos pressupostos mais universalmente aceitos em nossa sociedade é o de que o casal monogâmico é a única estrutura válida de relacionamento sexual, sendo tão superior que não necessita ser questionado. Na verdade, nossa cultura coloca tanta ênfase nisso, que uma discussão séria sobre o assunto dos relacionamentos alternativos é muito rara.
Veja também
Como em série da Netflix: Transo com outros homens para meu marido ver
8 coisas que você precisa saber antes de encarar um ménage
"Prendi meu namorado na cama, simulei vários castigos e gostei. E agora?"
"Meu namorado não me beija na boca. Está me deixando insegura"
A questão é que as sociedades que adotam a monogamia têm dificuldades em comprovar que ela funciona. Ao contrário, parece haver grandes evidências, expressas pelas altas taxas de relações extraconjugais, de que a monogamia não funciona muito bem, pelo menos pra nós ocidentais. A antropóloga americana Helen Fisher concluiu que nossa tendência para as ligações extraconjugais parece ser o triunfo da natureza sobre a cultura.
A terapeuta de casais belga Esther Perel diz: "Ter mais de um desejo pode ser o maior tabu da intimidade moderna, mas amontoar a totalidade de uma libido nos estreitos limites domésticos e concordar com um mundo de desejos pré retraídos também é, para alguns, autotraição, no sentido mais pleno."
Trocar ideias a respeito de exclusividade sexual não é simples; provoca a ira dos conservadores e preconceituosos e ataques de todos os tipos. Essa discussão só será realmente possível quando a fidelidade deixar de ser um imperativo.
"A infidelidade é o problema que é porque assumimos a monogamia como algo indiscutível; como se fosse a norma. Talvez devêssemos pensar na infidelidade como o que não precisa se justificar, assumi-la com uma naturalidade sem mortificações, para termos condições de refletir sobre a monogamia. Podemos crer que partilhar seja uma virtude, mas parecemos não acreditar em partilhar aquilo que mais valorizamos na vida: nossos parceiros sexuais.", diz o psicoterapeuta inglês Adam Phillips, que escreveu um livro sobre o tema.
O amor romântico defende a ideia de que quem ama só tem olhos para o amado, não se interessa por mais ninguém. Isso não é verdade, mas muitos acreditam e quando descobrem que seu parceiro (a) se relacionou com outra pessoa, concluem que não são amados. Sem dúvida, requer coragem poder ter uma visão do tema diferente daquela que é aceita na nossa cultura como verdade absoluta.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.