Casais que evitam brigar "por causa das crianças": você pensa no outro?
Há casais em que os ressentimentos dominam a relação, e eles não são capazes de se unir nem de se separar. Um tenta "derrubar o outro" sempre que se apresenta alguma oportunidade. Encontramos com frequência relações amorosas em que há luta pelo poder. Muitas vezes, o poder, que se mascara como amor, assume um papel bem importante na união de duas pessoas. "Estou fazendo isso para o seu bem" é uma frase que pode significar justamente o contrário.
O psicoterapeuta americano Michael Miller, estudioso do tema, diz que se observam em relacionamentos com essa característica duas pessoas preocupadas em atacar a segurança ou a autonomia uma da outra, provocando recíproca ansiedade.
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Apesar de nenhuma delas estar preparada para abrir mão do relacionamento, cada uma tem como objetivo tomar o controle dele. Em sua busca de poder na relação atacam-se os pontos mais vulneráveis do parceiro. Dizem ameaças, alimentam-se o medo e a dúvida, de forma a paralisar a vontade do seu oponente. Cada troca de palavras sugere um significado diferente do que apresenta na superfície porque praticamente cada coisa pode ser utilizada para prolongar a batalha pelo controle.
Alguns casais vivem assim quase o tempo todo. Muitos deles passam a vida juntos, frios um com o outro, sem comunicação, talvez com frequentes explosões – como duas pessoas que se esforçam para evitar brigas "por causa das crianças" ou para não escandalizar os vizinhos, mas, acima de tudo, para manter o casamento mais ou menos intacto.
Quando falam de separação, é mais uma tática de intimidação do que a de real intenção de se afastarem. Falam de várias coisas, mas todos os tópicos estão contaminados pela luta pelo poder que impele a ambos. Cada um se sente roubado e tenta controlar o outro de modos diferentes: ela reclama por mais intimidade; ele exige mais liberdade, por exemplo.
Na realidade, amor e poder nunca vão funcionar bem juntos. Não é novidade que toda relação íntima deve levar em conta as necessidades de cada uma das partes, tanto para o estar juntos como para a autonomia.
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