Corpo como protesto: por que seios nus estão presentes em manifestações?
Manifestações nas ruas mostram que não são apenas cartazes e faixas que ganham exposição; há quem prefira estampar as reivindicações na própria pele. Tatuagens temporárias, com mensagens feministas, crescem como opção.
O corpo como protesto não é novidade. Seios nus se tornaram um dos elementos centrais em manifestações feministas, em vários lugares do país e do mundo. Na Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em junho de 2012, foi, junto com os tambores e as vozes, um elemento fundamental para chamar a atenção.
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Em todo o Brasil, nas chamadas Marcha das Vadias os seios nus deixaram a sua marca nos olhares em torno. Aconteceu também na Eurocopa, com as ucranianas da Femen; contra a ditadura da magreza, em Milão e criticando o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn na França, acusado de abuso sexual contra uma camareira de hotel nos EUA. A bandeira que se levanta com a exposição dos mamilos é contra o mercantilismo do corpo da mulher e outras formas de exploração mais violentas.
"O que a língua esconde é dito pelo meu corpo. Meu corpo é uma criança teimosa; minha língua é um adulto civilizado.", diz o escritor e sociólogo francês Roland Barthes (1915-1980).
A psicoterapeuta belga, radicada no EUA, Esther Perel faz observações relevantes sobre a linguagem do corpo. Ela diz que historicamente, a sexualidade e o intelecto femininos nunca se integraram. Os corpos das mulheres eram controlados, e sua sexualidade, contida, a fim de evitar impacto que corrompesse a virtude dos homens.
A feminilidade, associada à pureza, ao sacrifício e à fragilidade, era uma característica da mulher moralmente bem-sucedida. A outra, vista como prostituta, vagabunda, concubina ou bruxa, era a mulher livre que trocava respeitabilidade por exuberância sexual.
A sexualidade vigorosa era o domínio exclusivo dos homens. As mulheres sempre procuraram se desvencilhar da divisão patriarcal entre virtude e sensualidade, e ainda estão lutando contra essa injustiça. "Quando privilegiamos a verbalização e rebaixamos o corpo, conspiramos para manter as mulheres confinadas.", conclui Perel.
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