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Regina Navarro Lins

Quando o sexo se torna perigoso: tentar aumentar o prazer pode trazer risco

Universa

06/06/2020 04h00

Ilustação: Caio Borges/UOL

O enforcamento durante o sexo pode aumentar o risco de derrame e lesões cerebrais, mesmo que a pessoa não perca a consciência, alertam cientistas.

Pesquisadores da Universidade Bangor e médicos do Serviço de Lesões Cerebrais do Norte de Gales descobriram que as sequelas do estrangulamento podem incluir parada cardíaca, acidente vascular cerebral, aborto espontâneo, incontinência, distúrbios da fala, convulsões, paralisia e outras formas de lesão cerebral a longo prazo.

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Lendo a matéria sobre asfixia no sexo, em Universa, lembrei-me de um email que recebi alguns anos atrás:

"Há alguns anos, descobri, não sei como, uma sensação muito forte ao combinar o orgasmo com uma espécie de asfixia. No início, eu simplesmente prendia a respiração quando o orgasmo ia chegando. Não tinha comparação a sensação: era muito melhor do que ter orgasmo sem fazer isso. Virou um hábito e o orgasmo sem a asfixia parecia fraco. Gostei tanto dessa experiência que parti para algumas inovações. Passei a amarrar uma corda no meu pescoço, que aperto próximo ao orgasmo. Há algum tempo me preocupei se isso não me faria algum mal e me assustei ao ler que isso é extremamente perigoso. Será que já me causei algum dano?  Tenho 30 anos, sou casado, tenho bom preparo físico pela prática constante de esportes, mas não quero correr um risco desnecessário".

 A asfixia autoerótica é resultado da compressão dos vasos sanguíneos que, diminuindo o oxigênio no cérebro, provoca uma sensação de tontura e início de desmaio. É extremamente perigosa: alguns segundos a mais e a pessoa fica inconsciente e pode morrer.

Já em 1791, o Marquês de Sade descreveu num romance o caso de um homem que se enforca tentando experimentar o êxtase sexual. Nos Estados Unidos, estima-se que o número de mortes por asfixia seja de 500 a 1.000 por ano. A idade média é de 26 anos e é comum que os homens sejam encontrados vestidos com algumas peças de roupa feminina.

Há alguns anos, os jornais noticiaram a estranha morte de um deputado do partido conservador inglês, de 45 anos. O corpo foi encontrado no chão da cozinha de sua casa, em Londres, com um saco plástico enfiado na cabeça e uma corda em torno do pescoço. Ele estava nu, exceto por um par de meias femininas e ligas de couro. Ao que tudo indica, ele apertou demais a corda em torno do pescoço enquanto se masturbava.

Como muitos adeptos dessa prática fazem para se preservar, ele tomou o cuidado de colocar uma laranja na boca, para mantê-la aberta caso perdesse os sentidos. Mas, dessa vez, ele não teve sorte. A motivação pode ser puramente a vontade físico-emocional de aumentar o prazer. Não se considera que os praticantes tenham tendências suicidas, mas uma preferência sexual que os predispõe ao perigo.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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