"Minha namorada reage com vergonha e culpa a qualquer contato sexual"
"Tenho 32 anos e estou namorando, há oito meses, uma mulher que tem 30. Gosto de muitos aspectos dela, só que estou desanimado quanto ao sexo. A forma como ela reage a qualquer contato sexual a faz parecer uma menina de 12 anos. Ela tem vergonha e por qualquer coisa sente culpa. Sua família é muito religiosa e ela teve uma educação rígida, principalmente, quanto ao sexo. Não gostaria de transar com outras mulheres, mas acho que não vai dar para continuar desse jeito."
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É difícil encontrar alguém que nunca tenha sentido vergonha ou culpa por causa de sexo. Esses sentimentos, tão presentes na nossa cultura, fazem com que quase todos se recriminem por suas atividades ou mesmo por seus desejos, como se não fossem algo humano.
No mundo ocidental, o corpo é visto como inimigo do espírito. Aprendemos a nos sentir envergonhados e culpados por ele, principalmente pelos órgãos sexuais e suas funções. Há muito tempo nos ensinam que imagens do corpo humano nu, particularmente experimentando o prazer sexual, são obscenas. E mesmo quando se consegue rejeitar conscientemente todo esse moralismo, a mensagem negativa é absorvida sem que se perceba.
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As antigas civilizações tinham atitudes bem diferentes diante da nudez e do sexo. Desconheciam o conceito de obscenidade, e as imagens dos órgãos sexuais eram encaradas com naturalidade. Mas no momento em que a ideologia da supremacia do homem condicionou o modo de viver da humanidade, a sexualidade começou a tomar outro rumo.
Obcecados pela certeza da paternidade, os homens reprimiram de todas as formas a sexualidade feminina. Mais tarde, na Idade Média (séculos 5 ao 15), o corpo humano foi condenado por conta do pecado original, e a anti sexualidade se tornou um refrão obsessivo.
Por mais incrível que pareça, o hábito do banho também foi atacado, considerando-se que qualquer coisa que tornasse o corpo mais atraente era incentivo ao pecado. Os piolhos eram chamados de pérolas de Deus, e estar sempre coberto por eles era marca indispensável de santidade. A falta de higiene era vista como pré-requisito para a salvação da alma. Uma freira, por exemplo, ficou 53 anos sem lavar qualquer parte do seu corpo, com exceção dos dedos.
A impressão é a de que temos um gatilho de culpa pronto para disparar e nos atingir à menor provocação. É claro que a consequência dessa visão tão distorcida do corpo humano é dramática: o grande número de pessoas frustradas e insatisfeitas.
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