Separação durante o isolamento: é possível ser feliz sozinho
"Eu e Luisa Sonza temos mais do que o nome em comum: também me separei em meio à quarentena, e na semana do meu aniversário de 36 anos. A pandemia provocada pelo coronavírus nada teve a ver com o fim de um lindo casamento de 13 anos, mas certamente potencializou todo o caos que é um divórcio, entre eles o de não poder chorar no ombro da minha mãe. Nem no da minha melhor amiga. Nem no de ninguém.", escreveu Luiza Souto em Universa.
Não são poucas as pessoas que estão se sentindo sozinhas neste período de isolamento. Recebi várias mensagens, lamentando a separação.
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"Sou separada há quase um ano e, agora, estou me sentindo profundamente sozinha. Meu casamento já estava péssimo, mas fiz tudo pra não ver que tinha que tomar uma atitude. Demorei muito pra me separar. No início, até achei que minha vida seria divertida, mas logo surgiu essa pandemia. Agora, ficou claro que preciso me virar sozinha. Sou uma pessoa sem ninguém…"
Na vida a dois, por medo da solidão muitas pessoas suportam o insuportável numa relação, tentando manter a estabilidade do vínculo. Não há dúvida de que o medo da solidão é responsável por muitas opções equivocadas de vida. Fazemos qualquer coisa para nos sentir aconchegados e protegidos através da relação com outra pessoa, tentando nos convencer de que assim não seremos mais sozinhos.
A ideia, tão valorizada e difundida pelo amor romântico, de que devemos buscar um parceiro que nos complete só contribui para que não enxerguemos o óbvio: a solidão é uma das nossas características existenciais, sentida de diferentes maneiras por cada um. Aceitar isso talvez seja o primeiro passo para relacionamentos amorosos mais ricos, longe da expectativa de que o outro nos livre da condição de seres solitários.
Mas muitos já estão se livrando dessa crença. Mais pessoas começam a perceber que viver sozinho, ou seja, sem um par amoroso, não significa solidão. Contudo, a condição essencial para ficar bem sozinho é o exercício da autonomia pessoal. Isso significa, além de alcançar nova visão do amor e do sexo, se libertar da dependência amorosa exclusiva e "salvadora" de alguém.
O caminho fica livre para um relacionamento mais profundo com os amigos, com crescimento da importância dos laços afetivos. É com o desenvolvimento individual que se processa a mudança interna necessária para a percepção das próprias singularidades e do prazer de estar só.
Provavelmente se tornará cada vez mais pertencendo a um passado distante a música de Tom Jobim que diz: "É impossível ser feliz sozinho…".
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