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Regina Navarro Lins

“Ele sempre quer que eu faça sexo oral nele, mas não gosta de fazer em mim”

Universa

27/04/2020 04h00

(Ilustração: Caio Borges)

"Tudo vai bem, mas há um aspecto na nossa vida sexual que não me agrada. Meu namorado sempre quer que eu faça sexo oral nele, mas não se mostra animado de fazer em mim. Já conversamos sobre isso, mas ele diz que é imaginação minha. Não é não! Fico com vontade de parar de transar para ele saber o que é frustração sexual."
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O sexo oral é alvo de dois tipos de preconceito: imoralidade e falta de higiene. Na nossa cultura judaico-cristã qualquer prática que não leve à procriação sempre foi condenada, e os genitais são, para muita gente, considerados uma parte suja do corpo, por sua proximidade com os órgãos de excreção.

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É sabido que a grande maioria do sexo que se pratica não é para a procriação, e com a higiene comum os órgãos sexuais podem ficar tão limpos e cheirosos como qualquer outra parte do corpo. Além disso, em condições normais, o pênis e a vulva contêm muito menos germes do que a boca.

Na conclusão do estudo sobre a opinião dos homens a respeito do sexo oral, a pesquisadora americana Shere Hite diz no seu relatório: "Será que as mulheres não são asseadas? Um dos temas mais frequentes sobre a vagina e a vulva está relacionado com o asseio da mulher, ou se ela se lavou recentemente. O fato de tantos homens sentirem desejo de enfatizar esse ponto parece refletir a influência das antigas opiniões patriarcais sobre a sexualidade feminina (e sobre as mulheres) como algo sujo, sórdido, ou não muito bonito".

Alguns, desejando ou não, tiveram que se empenhar nessa prática. Conta-se que a imperatriz chinesa Wu Hu, que reinou durante a dinastia T'ang (700-900 d.c.), criou um decreto real, pelo qual todas as autoridades do governo e visitantes eram obrigados a prestar homenagem a Sua Alteza Imperial, praticando nela o sexo oral. Ela foi pintada em quadros, que a mostram em pé, com seu ornamentado robe aberto, enquanto um alto funcionário, humildemente ajoelhado à sua frente, coloca os lábios e a língua em seu clitóris imperial.

De qualquer forma, calcula-se que hoje, no Ocidente, cerca de 75% dos casais experimentam a estimulação oral-genital, e pelo menos 40% a usam com frequência. E algumas pesquisas indicam que esses casais têm mais chance de se ajustarem sexualmente. A boca e os genitais são os órgãos mais sensíveis do corpo e bastante receptivos às sensações de prazer.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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