A menstruação e a inquietação dos homens com o corpo feminino
Na Índia há muita desinformação sobre a menstruação, e falar do assunto causa constrangimento. Instituições indianas criaram então o "Feliz dia da Menstruação", para tirar o estigma sobre o tema na sociedade indiana.
Em várias culturas o sangue ocupa lugar especial entre as interdições. O médico holandês Levinus Lemnius (1505-1568), autor de uma obra bem conhecida na Europa, afirma que o homem cheira bem naturalmente, ao contrário da mulher: "A mulher abunda em excrementos, e por causa de suas flores (menstruação) ela exala mau cheiro, também ela piora todas as coisas e destrói suas forças e faculdades naturais."
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Ele acredita que o contato com o sangue menstrual destrói as flores e os frutos, amolece o marfim, faz o ferro perder o corte, enraivece os cães, provoca a fuga das abelhas, o aborto das éguas, a esterilidade das asnas. Para o Dr. Lemnius, o cheiro feminino é resultado do frio e da umidade próprias desse sexo, ao passo que "o calor natural do homem é vaporoso, doce e suave, e quase embebido por algum aroma".
Ao contrário do homem, a mulher não cheira bem de jeito nenhum, segundo sua visão. O odor que ela exala é tão desagradável que a sua aproximação faz secar, sujar e escurecer a noz-moscada. O coral empalidece a seu contato, ao passo que se torna mais vermelho em contato com o homem.
Antes dele, gregos e romanos condenavam o ato sexual com mulheres menstruadas. Mais, eles acreditavam que o contato delas cegaria o fio de uma faca ou azedaria o vinho, ou ainda, se um cão lambesse aquele sangue contrairia hidrofobia. Não é difícil de perceber por que esses mitos se sustentavam. A função biológica da menstruação era desconhecida até bem pouco tempo.
As mulheres sofreram o que nunca saberemos, em função de sua natureza e da repercussão familiar e social de seu sangramento. Elas mesmas alimentaram profundos preconceitos com o seu corpo, e há registro de como muitas se julgaram amaldiçoadas, feiticeiras, tomadas pelo demônio, abandonando família e grupo social para recolherem-se ao exílio e à morte.
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