Por que é tão difícil ficar sem um par amoroso?
Durante séculos, só foi possível casar com quem a família escolhesse. A partir de 1940, quando casar por amor foi se tornando comum, surgiu a ideia de que, dessa forma, todas as necessidades afetivas seriam satisfeitas, as duas pessoas se transformariam numa só e nada mais iria lhes faltar.
A questão é que essas expectativas se mostram incompatíveis com a realidade, e as frustrações vão se acumulando. Por medo da solidão muitas pessoas suportam o insuportável tentando manter a estabilidade do vínculo, e não raro se tornam dois estranhos ocupando o mesmo espaço físico.
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Como mecanismo de defesa, surge a tendência a não se pensar na própria vida. Tenta-se acreditar que casamento é assim mesmo. Se a pessoa não tomar coragem e sair fora, vai viver exatamente o mesmo que um sapo desatento. Uma fábula conta que se um sapo estiver em uma panela de água fria e a temperatura da água se elevar lenta e suavemente, ele nunca saltará. Será cozido.
O historiador inglês Theodore Zeldin afirma que o medo da solidão assemelha-se a uma bola e uma corrente que, atados a um pé, restringe a ambição, é um obstáculo à vida plena, tal e qual a perseguição, a discriminação e a pobreza. Se a corrente não for quebrada, a liberdade continuará um pesadelo. Segundo ele, a crença mais gasta, pronta para a lixeira, é que os casais não têm em quem confiar salvo neles próprios, o que é infundado.
Não há dúvida de que o medo da solidão é responsável por muitas opções equivocadas de vida. Fazemos qualquer coisa para nos sentir aconchegados e protegidos por meio da relação com outra pessoa, tentando nos convencer de que assim não seremos mais sozinhos.
Concordo com o psicoterapeuta e escritor Roberto Freire, quando diz: "O risco é sinônimo de liberdade e o máximo de segurança é a escravidão. A saída é vivermos o presente através das coisas que nos dão prazer. A questão, diz ele, é que temos medo, os riscos são grandes e nossa incompetência para a aventura nos paralisa. Entre o risco no prazer e a certeza no sofrer, acabamos sendo socialmente empurrados para a última opção."
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