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Regina Navarro Lins

“Nosso sexo é uma tragédia! Ela é totalmente passiva, parece anestesiada"

Universa

11/11/2019 04h00

"Comecei a sair com uma mulher, que conheci na empresa em que trabalho. Ela tem 27 anos e eu 32. Sempre a considerei muito sensual, o que fez com que a percebesse logo no primeiro dia. A minha decepção foi enorme….. nosso sexo é uma tragédia! Ela é totalmente passiva, não emite um som, fica tensa, parece que está anestesiada. Sobre orgasmo parece que nunca ouviu falar. Como pode alguém ser assim no sexo hoje?"

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O ser humano possui uma amplitude sexual inigualável, podendo experimentar a sexualidade desde a simplicidade reprodutora de um puritano até o êxtase do sexo tântrico. Para Wilhelm Reich, famoso psicanalista da primeira metade do século 20, a saúde psíquica depende do ponto até o qual o indivíduo pode entregar-se e experimentar o clímax de excitação no ato sexual. As enfermidades, ao contrário, seriam o resultado do caos sexual da sociedade. Afinal, o ser humano é a única espécie que não segue a lei natural da sexualidade.

Na intimidade da vida de cada um, o sexo continua sendo para a maioria um problema complicado, cheio de dúvidas, medos e culpas. Ainda existe, em quase todos, uma carência fundamental de sexo, tanto em quantidade como em qualidade.  Mas poucos se dão conta disso. Por que o sexo praticado entre nós é de tão baixa qualidade?

Homens e mulheres foram inibidos na sua capacidade para o prazer sexual. As mulheres tiveram sua sexualidade reprimida e distorcida, a ponto de até hoje muitas serem incapazes de se expressar sexualmente, muito menos atingir o orgasmo. Os homens, por sua vez, também tiveram a sexualidade bloqueada. A preocupação em não perder a ereção é tanta que fazem um sexo apressado, com o único objetivo de ejacular. A mulher acaba se adaptando ao estilo imposto pelo homem, principalmente por temer desagradá-lo.

Exercer mal o sexo é isso: não se entregar às sensações e fazer tudo sempre igual, sem levar em conta o momento, a pessoa com quem se está e o que se sente. É fundamental não ter preconceito nem vergonha, considerar o sexo natural, como parte da vida. A busca do prazer pode então ser livre e não estar condicionada a qualquer tipo de afirmação pessoal. O sexo pode ser ótimo quando se cria o tempo todo junto com o parceiro e o único objetivo é a descoberta de si e do outro. Assim, sexo deixa de ser a busca de um prazer individual para se tornar um poderoso meio de transformar as pessoas.

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Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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