"Eu dizia que meu casamento era ótimo. Agora, vejo como tentei me enganar"
"Casei aos 18 anos com um homem dez anos mais velho. Nos primeiros meses, eu ainda era tratada com muitas atenções e cuidados, mas logo o encanto começou a se desfazer. Meu marido não conseguia mais esconder seu egoísmo e o pouco caso que fazia dos meus sentimentos. Tivemos dois filhos, que ele praticamente ignorava. Só pensava em seu trabalho e nas atividades de lazer que o interessavam. Agora, vejo como tentei me enganar. Eu sofria e não conseguia enxergar. Durante muito tempo, eu disse para meus familiares e amigos que meu casamento era ótimo, que ele sempre esteve preocupado comigo e com as crianças, um pai fantástico e um marido supercarinhoso. Ele nunca foi nada disso e sinto muita raiva!"
***
Muitos buscam a estabilidade e segurança afetiva numa relação, e para isso pagam qualquer preço. As frustrações geram sofrimento, mas não é raro se negar o que está ocorrendo para manter a fantasia do par amoroso idealizado. Quanto mais concessões são feitas para se manter o casamento, mais hostilidade vai surgindo em relação ao outro. Hostilidade, na maioria das vezes inconsciente, que vai minando gradativamente a relação até torná-la insustentável.
O esforço para corresponder às expectativas depositadas no casamento pode superar o limite da capacidade de conceder e fazer a pessoa optar pelo fim da relação. Em outros casos, o tédio e a monotonia da vida a dois, em função da dependência emocional que se tem do outro, pode levar a uma atitude de resignação e acomodação.
Há alguns anos, atendi durante seis meses um grupo de dez mulheres, que se reuniam por uma questão específica: a solidão. As idades variavam de 35 a 55 anos. Oito eram casadas, uma separada e uma viúva. Apesar de expressarem o desejo de um companheiro estável, ficou evidente como as vidas das que viviam sozinhas eram mais interessantes e cheias de possibilidades em comparação com as das mulheres casadas.
Estas se mostravam desesperançadas, sentiam-se impotentes para tentar qualquer transformação que pudesse lhes proporcionar algum prazer no plano afetivo e sexual. A monotonia do dia a dia, a falta de diálogo com o marido e a ausência de uma vida sexual satisfatória eram a tônica de suas queixas.
Acredito que um casamento pode ser ótimo. Mas para isso as pessoas precisam reformular as expectativas que alimentam a respeito da vida a dois, como, por exemplo, a ideia de que os dois vão se transformar num só; a crença de que um terá todas as suas necessidades atendidas pelo outro; não poder ter nenhum interesse em que o amado não faça parte; o controle de qualquer aspecto da vida do outro.
É fundamental que haja respeito total ao outro, ao seu jeito de pensar e de ser e às suas escolhas; liberdade de ir e vir, ter amigos em separado e programas independentes. Caso contrário, a maioria das relações, com o tempo, se tornam sufocantes.
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