Com medo da solidão, muitos casais suportam o insuportável
A dor da separação é comparada por alguns ao sofrimento diante da morte de uma pessoa querida. Romper uma relação é resultado de um processo lento, muitas vezes inconsciente. Um desgaste cotidiano, que vai liquidando o prazer de viver junto.
Mas a percepção de que o casamento traz mais frustrações do que alegrias é uma conclusão difícil. Muitas vezes tenta-se rejeitar os motivos que levam à separação, movidos pelas expectativas depositadas na vida a dois.
Apesar de a prática de se separar se tornar cada vez mais comum, poucos vivem a relação amorosa como algo temporário, enquanto for satisfatório para ambos. Concretizar uma separação não é nada fácil, na medida em que a vida a dois induz a uma relação de dependência emocional.
É comum então se negar os aspectos insatisfatórios e permanecer junto um tempo muito maior do que o desejado. Temendo a solidão, muitos suportam o insuportável para manter o vínculo, e não raro se tornam dois estranhos que ocupam o mesmo espaço físico.
Desde cedo somos levados a acreditar que a vida só tem graça se encontrarmos um grande amor. Se acontece, a expectativa é a de que vamos nos sentir completos para sempre. Isso é impossível, evidente, mas as pessoas se esforçam para acreditar e só desistem depois de fazer muitas concessões desnecessárias. Acabam se separando quando suportar as frustrações deixa de ser possível.
Para o filósofo francês Pascal Brukner "a vida a dois não é nenhum maratona em que se deva aguentar o maior tempo possível e, de outro, o importante é a qualidade dos vínculos, que devemos saber romper quando se degradam. A brevidade não é um crime, assim como a persistência nem sempre é uma virtude: certos encontros fugazes podem ser uma obra-prima da concisão, deixando marcas para sempre, e convívios de meio século se revelarem, às vezes, torturas de tédio e renúncia."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.