O amor não existe "desde sempre". Ele foi construído e está mudando
É comum se pensar no amor como se ele nunca mudasse. A forma que amamos é construída socialmente, e em cada época e lugar se apresenta de um jeito. Crenças, valores, expectativas, determinam a conduta íntima de homens e mulheres. Podemos acompanhar sua origem, desenvolvimento e transformações observando a História.
O amor cortês, surgido no século 12, foi a primeira manifestação do amor recíproco. Ele deu origem ao amor romântico, que durante séculos não pôde fazer parte do casamento. Na Renascença, século 16, a mulher é contemplada com reverência quase religiosa, e surgem questionamentos a respeito do amor. As mulheres foram divididas entre santas e pecadoras. No Iluminismo, século 18, o amor cai em desprestígio; a Idade da Razão desprezou a emoção e insistiu que o intelecto do homem é que devia governar-lhe as ações.
No século 19, o controle das emoções foi sendo suplantado por uma atitude resumida na palavra "sensibilidade". O amor começa aos poucos a entrar no casamento. O início do século 20, com o automóvel e o telefone, traz uma grande novidade – o encontro marcado. A partir de 1940, o amor romântico entrou no casamento para valer. Antes os casamentos ocorriam por interesses familiares. Agora, a maioria das pessoas anseia pelo amor romântico, que é específico do Ocidente.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a destruição de Hiroshima e Nagasaki, a ameaça da bomba atômica paira na cabeça dos jovens. Com o sentimento de insatisfação que isso provoca, eles começam a questionar os valores daquela sociedade e de seus pais. O advento da pílula anticoncepcional, aliado ao momento crítico, prepara o terreno para a Revolução Sexual. Estamos hoje num momento em que antigos valores estão sendo profundamente questionados.
Como em toda transição, observamos comportamentos díspares —alguns muito libertários e outros bastante conservadores. Não são poucos os que ainda temem viver de forma diferente da que estão acostumados. Afinal, o novo assusta e o desconhecido gera insegurança. Contudo, acredito que o predomínio das novas formas de amar seja apenas uma questão de tempo.
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