No amor, a fantasia de fusão faz ambos perderem a identidade própria
Assisti há algum tempo, no Youtube, Ed Motta e Miltinho cantando a música Meu nome é ninguém, de Haroldo Barbosa e Luiz Reis, composta nos anos 60, que ilustra bem o que acontece como o amor romântico após algum tempo de convivência. Na letra, depois do primeiro beijo, a paixão foi imensa. Mas, de repente, foi-se o encanto de tudo.
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Quem sou eu, quem é você/
Foi assim/
E só Deus sabe quem/
Deixou de querer bem/
Não somos mais alguém/
O meu nome é ninguém/
E o teu nome também, ninguém!
A trajetória do amor romântico é essa. No início, um só tem olhos para o outro. Em determinado momento o outro já não significa nada: "O meu nome é ninguém; e o teu nome também." Isso ocorre porque sendo o amor romântico é calcado na idealização, não é construído na relação com a pessoa real, que está do lado, e sim com a que se inventa de acordo com as próprias necessidades.
O problema é a convivência do dia-a-dia, porque é impossível não perceber no outros aspectos que nos desagradam. Manter a idealização se torna impossível. O outro é visto bem diferente do que você fantasiou. A partir daí, para manter a estabilidade da relação, inúmeras concessões são feitas. As frustrações vão se acumulando, tornando a relação sufocante. Não é raro observarmos mágoa e ressentimento após o desencanto ter se instalado.
Assistimos a grandes transformações no mundo, e, no que diz respeito ao amor, o dilema atual se situa entre a vontade de se fechar na relação com o parceiro e o desejo de ser livre para viver variadas experiências. Tudo indica que a aspiração de liberdade começa a predominar.
Afinal, a fantasia de fusão faz ambos perderem, de alguma forma, a identidade própria e, portanto, os próprios limites. Acredito ser apenas uma questão de tempo; as mudanças são lentas e graduais, mas definitivas, nesse caso.
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