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Regina Navarro Lins

A gente costuma se relacionar só com uma pessoa, mas será que dá certo?

Universa

20/04/2018 13h07

(iStock)

O VivaBem selecionou oito estudos sobre a infidelidade. Desses, selecionei os três que me pareceram mais interessantes:

Em fevereiro deste ano, o "Journal of Personality and Social Psychology" analisou 233 casais. Os pesquisadores acreditam que quem está sexualmente satisfeito é, em geral, mais aberto a ter novas experiências sexuais.

— A tese de mestrado de Thiago de Almeida, no Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), avaliou a relação entre o ciúme e a infidelidade e descobriu que as pessoas mais ciumentas desencadeavam um comportamento infiel do parceiro. A explicação é que os conflitos constantes minam a qualidade do relacionamento, fazendo com que o temor se concretize. "Toda vez que a pessoa chama atenção da outra por ter olhado para alguém, ela a encoraja a olhar".

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— Um estudo com 506 homens e 412 mulheres que tinham um relacionamento monogâmico, publicado no periódico Archives of Sexual Behavior em 2011, mostrou que a infidelidade é comum tanto em homens quanto em mulheres. Os resultados mostraram que 23% dos homens e 19% das mulheres indicaram que já foram infiéis ao parceiro atual.

No Ocidente, a exclusividade sexual nas relações estáveis é a norma e o sexo extraconjugal condenado por muitos. Traição, infidelidade, adultério são palavras usadas para se referir a ele.

Desde cedo somos estimulados a investir nossa energia sexual em uma única pessoa. Mas não é o que acontece na prática. É bastante comum homens e mulheres casados compartilharem seu tempo e seu prazer com outros parceiros, geralmente, de forma secreta. A exclusividade é como um valor agregado ao amor porque, supostamente, quem ama só se relaciona sexualmente com a pessoa amada.

Trocar ideias a respeito de exclusividade sexual não é simples; provoca a ira dos conservadores e preconceituosos e ataques de todos os tipos.  Essa discussão só será realmente possível quando a fidelidade deixar de ser um imperativo.

"A infidelidade é o problema que é porque assumimos a monogamia como algo indiscutível; como se fosse a norma. Talvez devêssemos pensar na infidelidade como o que não precisa se justificar, assumi-la com uma naturalidade sem mortificações, para termos condições de refletir sobre a monogamia. Podemos crer que partilhar seja uma virtude, mas parecemos não acreditar em partilhar aquilo que mais valorizamos na vida: nossos parceiros sexuais", diz o psicanalista inglês Adam Phillips, autor de um livro sobre o tema.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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