"Adoraria estar com meu ex que me fez sofrer, não com meu namorado atual"
"Estamos namorando há seis meses. Ele é o homem que qualquer mulher deseja – bonito, inteligente, carinhoso. Sei que me ama e é bom sentir que faz tudo por mim. Temos ficado bastante tempo juntos nesse isolamento. Mas tudo virou de cabeça para baixo na minha vida, quando um ex, de quem eu não tinha notícias havia bastante tempo, me procurou. Ele me fez sofrer muito, é egoísta e nada confiável. Mas fico sem ar quando ele me procura. O problema é que adoraria esta com ele e não com meu namorado atual."
***
Para o sexólogo americano John Money , antes de qualquer escolha amorosa, já havíamos desenvolvido um mapa mental, um modelo cheio de circuitos cerebrais que determinam o que desperta nossa sexualidade, o que nos leva a nos apaixonarmos por uma pessoa e não por outra.
Ele acredita que as crianças desenvolvem esses mapas amorosos entre os cinco e oito anos de idade, e são determinados pelos relacionamentos com a família, amigos, assim como por suas próprias experiências. Por exemplo, quando crianças, nos acostumamos à bagunça ou à tranquilidade da casa, ao jeito como nossa mãe nos escuta, ralha conosco ou nos estimula, e como nosso pai brinca ou caminha.
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Algumas características de temperamento de nossos amigos e parentes nos atraem e outras associamos a incidentes perturbadores. Assim, pouco a pouco, essas memórias começam a formar um padrão em nossa mente, um modelo subliminar do que nos agrada e do que nos desagrada.
À medida que crescemos, esse mapa inconsciente toma forma e a imagem do parceiro ideal começa a emergir. Depois, na adolescência, esses mapas amorosos vão se solidificando, tornando-se bem específicos com relação aos detalhes da fisionomia, da constituição física do parceiro ideal, sem mencionar o caráter, a educação etc. Temos um quadro mental do parceiro idealizado, dos cenários que nos atraem e dos tipos de conversas e de atividades eróticas que nos excitam.
Desse modo, bem antes de conhecermos a pessoa a quem vamos amar, já temos prontos alguns elementos básicos de nosso parceiro ideal. Depois, quando encontramos quem se encaixe dentro desses parâmetros, nos apaixonamos por ele e nele projetamos nosso mapa amoroso. O objeto da paixão é em geral bem diferente de nosso ideal, mas deixamos de lado essas inconsistências para fazê-lo se encaixar em nosso modelo. Daí a famosa frase de Chaucer: 'O amor é cego'.
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