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Regina Navarro Lins

Ainda existem mulheres que usam seu sexo como moeda de troca

Universa

11/06/2020 04h00

 

Ainda existem mulheres que usam seu sexo para conseguir alguma coisa de um homem. Esse é um hábito que vem de longe. Com a extinção da sociedade de parceria, há cerca de 5.000 anos, a mulher se tornou uma simples mercadoria. Viu-se obrigada, então, a utilizar a única arma que tinha para se defender: seu corpo. Dessa forma, controlava as necessidades sexuais masculinas e garantia sua sobrevivência  — obtinha em troca vantagens e também presentes.

Os tempos são outros, novos valores surgiram, mas o longo período de submissão ao homem deixou marcas profundas na mulher. Muitas não conseguiram desistir da ideia de que só tendo o domínio da satisfação sexual masculina podem ter benefícios. Até pouco tempo atrás, a obsessão das mães pela virgindade das filhas se devia justamente a isso.

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Para garantir que o noivo não escapasse de se tornar marido, as moças não deveriam ter, em hipótese alguma, relação sexual antes do casamento. "Que motivo, afinal, ele terá para se casar depois?".  É evidente que, sem perceber, aceitavam como natural que se fizesse uso do próprio sexo como chamariz para atingir um objetivo.

E hoje, de que forma a mulher lida com a sua sexualidade?  Neste período de grandes mudanças, observamos comportamentos variando de um extremo conservadorismo a uma surpreendente inovação. Há mulheres que se sentem aptas, em todas as áreas, incluindo a sexual, para estabelecer relações de igualdade e parceria com os homens. Outras continuam com dificuldade de participar de uma relação amorosa de troca, em que um não seja superior ao outro. O mesmo ocorre com o homem em relação à mulher.

Não é raro encontrarmos homens que usam seu pênis como uma ferramenta que ignora a angústia, o medo, o cansaço ou qualquer outro sentimento, transformando-o em algo separado deles. Às vezes, até como arma. Lembro da história de um lituano, na Escócia, ao receber ordem de prisão de uma policial, a jogou no sofá, tirou a cueca e tentou lhe bater na cabeça com seu próprio pênis.

Da mesma forma, existem mulheres que negam sua vagina como órgão de prazer, transformando-a em moeda de troca na relação com o homem. E isso pode se manifestar de várias formas. Desde a recusa de fazer sexo com um homem nos primeiros encontros, com o único objetivo de assegurar a continuidade da relação, até o hábito de excitar o namorado ou marido ao máximo e na última hora desistir, apostando que o desejo insatisfeito dele será uma garantia de submissão. Sem contar que nas relações estáveis a recusa do sexo também é usada com frequência como punição.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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