A paixão está virando um sentimento em extinção
A principal característica da paixão é a urgência. Ela é tão invasiva e poderosa que pode fazer com que sejam ignoradas todas as obrigações habituais. Perturba as relações cotidianas, arrancando a pessoa das atividades a que está acostumada, deixando-a completamente fora do ar.
Por essa razão, e por ter no ardor sexual um forte componente, ela sempre foi considerada perigosa do ponto de vista da ordem e do dever social. Na maioria das culturas nunca se aceitou que o casamento fosse consequência de um amor apaixonado. O romance passa a existir onde o amor é fatal, condenado… e não como a satisfação do amor. Os obstáculos, as proibições, são as condições da paixão. Afinal, paixão significa sofrimento.
O desejo e o sofrimento fazem com que todos se sintam vivos. Necessita-se do outro, não como ele é no real, mas como instrumento que torna possível viver uma paixão ardente. Somos envolvidos por um sentimento tão intenso que por ele ansiamos, apesar de nos fazer sofrer. Os apaixonados não precisam da presença do outro, mas da sua ausência. Contudo, a maioria reconhece que a paixão acaba logo.
Mesmo durando pouco, a paixão sempre foi sentida como uma doença da alma que, além de limitar a liberdade individual, pode levar ao assassinato ou ao suicídio. A paixão está em via de extinção. "Agora homens e mulheres sonham com outra coisa diferente dos dilaceramentos", diz a filósofa francesa Elisabeth Badinter.
"Se as promessas de sofrimento devem vencer os prazeres, preferimos nos desligar. Além disso, a permissividade tirou da paixão seu motor mais poderoso: a proibição. As condições da paixão não estão mais reunidas, tanto do ponto de vista social quanto psicológico", lembra Elisabeth.
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