"Não me vejo como homem ou como mulher. A fluidez é meu traço marcante"
"Nasci menino, mas nunca consegui me ver como homem ou como mulher. Acho que sou as duas coisas ou nenhuma delas. Só sei que não me encaixo no que é um homem heterossexual. Também nunca tive vontade de ser mulher. Gosto de usar roupas extravagantes e me sinto muito bem dessa forma. Um amigo disse que a fluidez é meu traço marcante. Talvez por isso tenha sofrido tanto bullying. Semana passada, quando saí da casa de um amigo, de madrugada, fui atacado e xingado na rua. Só não fiquei mais machucado, porque, por sorte, estava vindo uma patrulha da polícia e os agressores fugiram. Estou com medo de sair à noite."
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June Singer, psicanalista americana, autora do livro Androginia, vê muitos indícios de uma tendência andrógina no Ocidente, seja nos hábitos e costumes sociais, na moral, ou na percepção de milhões de pessoas que buscam como expandir a consciência de si e do mundo em que vivem. A seguir, destaco alguns trechos interessantes do seu livro.
Há algum tempo não são nítidas as fronteiras entre o masculino e o feminino. No momento em que se impõe a plasticidade dos papéis sexuais, em que as mulheres podem escolher não serem mães, torna-se cada vez mais difícil determinar, de forma exata, a diferença entre o homem e a mulher. A semelhança dos sexos é uma inovação tal que podemos encará-la em termos de mutação.
Ela acredita que essas categorias sexuais — hetero, homo ou bi –, quando usadas como rótulos, fixam na mente uma ideia que não deveria ser fixa, mas extremamente fluida. Nós só estamos encapsulados numa categoria. A androginia refere-se a uma maneira específica de juntar os aspectos "masculinos" e "femininos" de um único ser humano. O andrógino aceita conscientemente a interação desses aspectos: um é complemento do outro.
"Quando exploramos o material sexual nos níveis profundos da psique, inevitavelmente chegamos a um estado no qual os sentimentos sexuais são muito mais soltos e fluentes do que as pessoas normalmente se dispõem a admitir. Minha experiência clínica sugere que a orientação bissexual é muito mais difundida do que a maioria acredita. Poucas são as pessoas que não nutrem sentimentos eróticos por parceiros reais ou potenciais de ambos os sexos", diz Singer.
Para alguns autores não precisamos mais nos ver como exclusivamente masculinos ou exclusivamente femininos, mas como somos seres inteiros nos quais as qualidades opostas estão sempre presentes. E caminhamos para o fim do gênero sexual. A americana Melinda Davis acredita que a identidade sexual se tornará meramente uma característica secundária, como tipo sanguíneo. Seremos identificados e escolheremos parceiros não segundo o sexo, mas segundo a compatibilidade psíquica.
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