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Regina Navarro Lins

"Cheguei em casa e peguei meu marido beijando nosso amigo"

Regina Navarro Lins

29/04/2019 04h00

"Estou casada há cinco anos e amo meu marido. Desde o início de nossa relação nos encontramos com um casal amigo com bastante frequência. Há alguns meses, eles se separaram e a nossa amiga foi morar em outro país. Seu ex-marido continuou frequentando nossa casa com mais constância que antes. Sempre é bom estarmos os três juntos. Considero-o um homem atraente, mas nunca tive coragem de deixar isso claro. Até que um dia cheguei em casa e peguei os dois — meu marido e nosso amigo — se beijando. Conversamos e a proposta é de que eu aceite fazer parte de uma tríade, ou seja, viver uma experiência de amor a três."

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Leonie Linssen e Stephan Wik abordam em seu livro a relação amorosa entre três pessoas. Eles acreditam que um dos maiores problemas dos casais, a dualidade, se resolve pela tríade. Por isso é possível acreditar que um relacionamento em que três pessoas se amam intimamente pode ser muito gratificante.

No relacionamento monogâmico, o nível de intimidade pode levar a tipos de interação certo/errado, será/não será, ter/não ter. Mesmo com as melhores intenções pode ser difícil não cair nesses padrões, que muitas vezes podem levar a rigidez e a falhas na comunicação, pois defendemos posições fixas. A tríade, acreditam eles, oferece uma dinâmica completamente diferente. Por exemplo, durante uma interação interpessoal difícil, um terceiro parceiro pode atuar como observador amoroso.

O terceiro, como testemunha, pode ajudar os parceiros que estão interagindo a tomar consciência de suas ações e reações. Essa autoconsciência pode produzir interações mais flexíveis, abertas e receptivas. Quando não procuramos mais ter intimidade com apenas uma pessoa pode nos ajudar a relaxar e a simplesmente nos deixarmos amar. Podemos nos sentir mais reconhecidos e valorizados e a nossa própria energia vital pode fluir mais livremente e beneficiar a todos os que estão envolvidos conosco.

Uma das vantagens da tríade, segundo os autores, é que muitos se sentem mais independentes e livres do que quando formam um casal. Isso acontece tanto no nível prático quanto num nível mais sutil. Na prática, se uma pessoa quer passar algum tempo sozinha ou com amigos, ela pode relaxar, pois sabe que os outros dois parceiros dispõem de mais tempo para ficarem juntos.

Sem dúvida, muitos discordam desse texto. Na nossa cultura estar amando alguém pressupõe total exclusividade. Quase todos acreditam que o "natural" é formar um par que seja estável e duradouro. "A lógica e a linguagem sugerem que os casais, sejam eles heterossexuais, homossexuais ou até mesmo bissexuais, surgem na narrativa do amor e do desejo – como os animais na Arca de Noé – dois a dois.", diz Marjorie Garber, professora da Universidade de Harvard, EUA.

Mas cada vez mais obervamos que nem sempre é assim. E você….concorda com Leonie Linssen e Stephan Wik?

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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