O fim de um casamento é apenas a solução de um problema, não uma tragédia
O número de divórcio de pessoas com mais de 50 anos quase dobrou nos últimos 10 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Mas as pessoas com mais de 60 ou 70 também estão se divorciando.
O casamento mudou mais nos últimos 50 anos do que em todo o período de sua existência. No início do século 20, na maioria dos países ocidentais, o casamento constituía um contrato duradouro e não era permitido que fosse rompido, a não ser em casos de faltas graves cometidas por um dos cônjuges. Entre elas estavam o abandono do lar, adultério, alcoolismo e violência física.
Hoje, o fim de um casamento é apenas a solução de um problema e não uma tragédia. Um paciente, que atendi no consultório, advogado aposentado, de 73 anos, decidiu pedir o divórcio à sua mulher, com quem está casado há 38, e me disse:
"Nossa vida é muito sem graça há bastante tempo. Nós temos temperamentos diferentes. Eu quero aproveitar a vida, sair, me divertir, viajar e Estela só pensa em paparicar os netos. Sinto desejo sexual por outras mulheres, mesmo porque para a minha parece que sexo não existe. Assim, não dá. Há algum tempo penso em morar sozinho e fazer o que quiser da minha vida. Tomei coragem. Estou livre para o que der e vier."
A auto realização das potencialidades individuais passa a ter outra importância, colocando a vida conjugal em novos termos. Acredita-se cada vez menos que a união de duas pessoas deva exigir sacrifícios. Observa-se uma tendência a não se desejar mais pagar qualquer preço apenas para ter alguém ao lado.
Surgem conflitos na tentativa de harmonizar a aspiração de individuação com uma vida a dois, mas homens e mulheres estão cada vez menos dispostos a sacrificar seus projetos pessoais.
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