Morta por desejar a separação
Antes de ser esfaqueada e ter o corpo incendiado pelo marido, Veiguima Martins, de 56 anos, pretendia se separar. Em março de 2018, ela já havia prestado queixa contra o marido por violência doméstica, depois que ele a ameaçou com uma faca. O episódio teria se repetido mais de uma vez durante o casamento, que durou dez anos
Para o psicólogo americano David Buss, um refrão comum aos matadores emitido para suas vítimas ainda vivas é: "Se eu não posso ter você, ninguém pode." As mulheres estão sob um risco maior de serem assassinadas quando realmente abandonaram a relação, ou quando declararam inequivocamente que estão partindo de vez.
Buss apresenta dados de seus estudos sobre o tema. De 1333 assassinatos de parceiras no Canadá mostra que mulheres separadas têm de cinco a sete vezes mais possibilidades de serem assassinadas por parceiros do que mulheres que ainda estão vivendo com os maridos. O tempo de separação parece ser crucial. As mulheres correm o maior risco nos primeiros dois meses depois da separação. Os primeiros meses depois da separação são especialmente perigosos, e precauções devem ser tomadas por pelo menos um ano.
Os homens nem sempre emitem ameaças de matar as mulheres que os rejeitam, claro, mas tais ameaças devem sempre ser levadas a sério. Eles ameaçam as esposas com o objetivo de controlá-las e impedir sua partida. A fim de que tal ameaça seja acreditada, violência real tem que ser levada a cabo. Os homens às vezes usam ameaças e violência para conseguir controle e impedir o abandono.
Penso ser fundamental que homens e mulheres, se quiserem viver de forma mais satisfatória, reflitam sobre como se vive o amor na nossa cultura, principalmente no que diz respeito à dependência amorosa e possessividade. Depois do crime, o criminoso passional não costuma fugir. Alguns se suicidam, morrendo na certeza de que o ser amado não pertencerá a mais ninguém.
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