Romanos consideravam o amor uma doença. E para muita gente ainda é assim

Ilustração: Caio Borges
Os romanos, há dois mil anos, desenvolveram a ideia de prudência, por isso lutavam contra o amor, visando evitar o sofrimento do amor + ódio. Acreditavam que o homem prudente afasta seus pensamentos para longe do amor, sabendo que o amor é uma doença. O amor devia ser cuidadosamente evitado. Mas essa ideia não pertence só ao passado. Hoje, muitos temem amar.
O psicólogo italiano Aldo Carotenuto faz interessantes considerações sobre o tema. Ele acredita que está ao alcance de todos a possibilidade de fazer mal ao outro mesmo amando-o. Quando amamos, somos olhados por dentro e isso é acompanhado de uma sensação de vergonha. Tornar manifesta a própria interioridade induz à vergonha, porque na nossa cultura isso equivale a uma admissão de fraqueza.
Existem pessoas que, mesmo que amem intensamente, dificilmente conseguem manifestar o próprio sentimento, porque temem correr algum risco. Geralmente, quando nos colocamos a nu, todos os nossos anseios se concentram em torno do temor da rejeição. Revelar-se significa, no fundo, conceder parte da própria liberdade e das "partes" de si mesmos.
A área dos afetos é a mais difícil de viver, e o problema que principalmente nos inquieta está no envolvimento amoroso. Estar envolvido com alguém significa tomar parte na vida interior de outra pessoa, porém justamente uma experiência desse tipo, remota, talvez esquecida, mas que deixou a marca, nos mantém como "vacinados", nos torna de qualquer modo refratários a nos tornar disponíveis.
Uma espécie de imprinting emotivo nos impeliu a viver sob o signo do pânico todas as experiências afetivas sucessivas, e nos ensinou para sempre que a única possibilidade de salvação se encontra – exatamente como da primeira vez – na obtenção de uma "autonomia psicológica". A necessidade do outro, e também o medo de amar, diminui quando se desenvolve em cada um a capacidade de ficar bem sozinho.
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