Sem medo da solidão: o futuro aponta para uma nova forma de estar só

Ilustração: Caio Borges
Na nossa cultura existe a crença de que para viver bem é necessário ter um par amoroso fixo e estável. A busca então da "alma gêmea" se torna incessante e, muitas vezes, desesperada. Mas muitos já estão se livrando dessa crença. O futuro aponta para uma nova forma de estar só.
Mais pessoas vão perceber que viver sozinho não significa solidão. Contudo, a condição essencial para ficar bem sozinho é o exercício da autonomia pessoal. Isso significa, além de alcançar nova visão do amor e do sexo, se libertar da dependência amorosa exclusiva e "salvadora" de alguém.
O caminho fica livre para um relacionamento mais profundo com os amigos, com crescimento da importância dos laços afetivos. É com o desenvolvimento individual que se processa a mudança interna necessária para a percepção das próprias singularidades e do prazer de estar só.
"O que caracteriza e diferencia a amizade do amor não é a inexistência de trocas eróticas. Estas poderiam até existir nas amizades, se não tivéssemos a mentalidade que temos a respeito do que pode ou não ser feito em termos sexuais", me disse certa vez o psicoterapeuta e escritor Flávio Gikovate. Ao afastarmos a ideia da fusão com o outro poderemos estabelecer um relacionamento afetivo e sexual mais sofisticado do que o amor romântico e apropriado a esse futuro de pessoas sós e autônomas.
Pela primeira vez na história humana, algumas pessoas de países ocidentais começaram a escolher seus parentes, criando uma nova rede de parentesco baseada na amizade, e não no sangue. Segundo a antropóloga americana Helen Fisher, as associações são compostas de amigos. Os membros se falam regularmente e compartilham suas vitórias e dificuldades.
Quando um adoece, os outros cuidam dele. Essa rede de amigos é considerada como uma família, que Fisher acredita poderá gerar novos termos de parentesco, novos tipos de política de seguro, novos parágrafos nos planos de saúde, novos acordos de aluguel, novos tipos de desenvolvimento de moradia e muitos outros planos legais e sociais.
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