“Estou apaixonada por dois homens. Não consigo escolher entre os dois"

Ilustração: Caio Borges
"Estou apaixonada por dois homens bem diferentes. Não consigo escolher entre os dois; eles se completam. Sexualmente o mais velho é mais ousado, tem mais técnica, mas não muita sensibilidade; é super potente e ativo. O mais moço às vezes fica ansioso e não consegue ereção, mas me diz e escreve coisas lindas e tem me seduzido na cama de forma surpreendente. Cada vez nos conhecemos melhor, vamos a motel uma vez por semana, enquanto o mais velho vai quase que diariamente a minha casa e por isso temos mais frequência sexual. Penso em terminar tudo com um deles, mas essa ideia me faz sofrer, porque gosto muito dos dois…"
***
Ao ler o relato acima, não pude deixar de me lembrar de uma frase do psicoterapeuta e escritor José Ângelo Gaiarsa, da qual gosto muito: "Somos por tradição sagrada tão miseráveis de sentimentos amorosos que, em havendo um, já nos sentimos mais do que milionários e renunciamos com demasiada facilidade a qualquer outro prêmio lotérico (de amor)."
Na maioria das relações amorosas estáveis as cobranças de exclusividade são constantes e sua aceitação é natural. Com toda a vigilância que os casais se impõem, ficam impedidos de vivenciar experiências ricas e reveladoras que outros parceiros podem proporcionar.
O conflito entre o desejo e o medo de transgredir é doloroso. Quando surge uma possibilidade, as pessoas se esquivam com racionalizações do tipo: "não fui porque não era a hora", "não era a pessoa", "não tenho estrutura", "eu não estava preparado" e se não der para negar que apareceu alguém despertando muita atração, muito desejo, desvia-se o olhar, o pensamento e a emoção para evitar complicações.
Acredito que podemos amar várias pessoas ao mesmo tempo. Não só filhos, irmãos e amigos, mas também aqueles com quem mantemos relacionamentos afetivo-sexuais. E podemos amar com a mesma intensidade, do mesmo jeito ou diferente.
Acontece o tempo todo, mas ninguém gosta de admitir. A questão é que nos cobramos a rapidamente fazer uma opção, descartar uma pessoa em benefício da outra, embora essa atitude costume vir acompanhada de muitas dúvidas e conflitos, e não raro, de sofrimento desnecessário.
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