"Vivemos bem e nos amamos, mas tenho medo de que ela me abandone"

Ilustração: Caio Borges
"Estou casado há 12 anos. Vivemos bem e nos amamos. Temos conflitos, de vez em quando, mas nada que indique o caminho da separação. Apesar disso, tenho um sentimento recorrente, que muitas vezes me vem quando estou na cama e acordo mais cedo, de que ela vai me abandonar… Por um cara mais novo ou por outra razão qualquer. É um sentimento muito ruim, a possibilidade de ser abandonado pela pessoa que se ama."
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"Naquele momento são evocados os 'demônios' da nossa incapacidade de suportar uma possível perda", nos diz o psicólogo italiano Aldo Carotenuto.
Quando nossas expectativas a respeito do comportamento do outro estão sendo satisfeitas, nos sentimos de alguma forma seguros na relação. Mas se algo não sai exatamente como esperávamos, tentamos encontrar uma explicação que nos apazigue. Muitas vezes o receio de ser abandonado leva a pessoa a exigir do parceiro que não tenha interesse em nada fora da vida a dois, longe da pessoa amada.
Na realidade, por mais convivência que um casal tenha, nenhum deles conhece o outro como julga conhecer. A terapeuta de casais belga Esther Perel, acredita que nossa necessidade de constância limita o quanto desejamos conhecer quem está do nosso lado. Estamos empenhados em vê-lo/a de acordo com a imagem que muitas vezes é uma criação de nossa imaginação, com base em nossas próprias necessidades.
Quando resistimos ao impulso de controlar, quando nos mantemos abertos, preservamos a possibilidade de descoberta. "O erotismo está no espaço ambíguo entre a ansiedade e a fascinação. Continuamos interessados no parceiro; ele nos diverte e somos atraídos para ele. Mas, para muitos de nós, renunciar à ilusão de segurança e aceitar a realidade de nossa insegurança fundamental é um passo difícil.", diz Perel.
É impossível também não concordar com o psiquiatra italiano Willy Pasini quando diz que a suspeita de ser abandonado e rejeitado são os pesadelos da infância, mas também os fantasmas da maturidade.
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