"Ficamos separados por nove meses. Voltei, mas me arrependi"

Ilustração: Caio Borges
"Fomos casados por quinze anos e ficamos separados por nove meses. Temos dois filhos de 14 e 10 anos. Há dois meses voltamos para tentar viver junto. Ela está muito mudada, mas eu não voltei definitivamente. Não quero mais tentar, me arrependi de ter voltado e agora não sei o que fazer. Me sinto numa prisão. Não tenho problemas em cuidar dos meus filhos, só não quero mais ser casado com essa pessoa."
***
As pessoas têm medo de se separar. Medo de ficar só, do desamparo, de sentir falta do outro, de não encontrar um novo amor, de não conseguir se sustentar, de se sentir jogadas fora. Na busca de segurança afetiva, qualquer preço é pago para evitar tensões decorrentes de uma vida autônoma. Por medo da solidão as pessoas suportam o insuportável tentando manter a estabilidade do vínculo, e não raro se tornam dois estranhos ocupando o mesmo espaço físico.
O historiador inglês Theodore Zeldin afirma que o medo da solidão assemelha-se a uma bola e uma corrente que, atados a um pé, restringem a ambição, são obstáculos à vida plena, tal e qual a perseguição, a discriminação e a pobreza. Se a corrente não for quebrada, para muitos a liberdade continuará um pesadelo.
Numa separação, o cônjuge rejeitado pode não ser o único a sofrer. Em muitos casos, o parceiro que não deseja mais permanecer junto se vê ressentido e magoado, responsabilizando o outro pela fato de a convivência cotidiana não lhe proporcionar mais prazer.
A dor de desfazer a fantasia do par amoroso leva — mesmo sabendo-se que não existe chance nenhuma — à constante tentação de restabelecer o antigo vínculo. A reconstituição do casamento, nesses casos, dura pouco tempo e quando ocorre a segunda separação o outro volta a sofrer tudo novamente.
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