Casais que se separam se tornam quase estranhos de repente; por quê?
Há algo difícil de entender. É comum uma pessoa passar anos ao lado de alguém, com muita intimidade, dividindo todos os momentos da vida e de repente, como se tivesse sido desligada da tomada, deixar de ter qualquer importância. Não existe mais no campo afetivo do outro, aliás, a impressão é a de que nunca existiu. Na maior parte das vezes isso acontece com os ex casados. E o curioso é esse comportamento ser visto como natural.
Tudo bem que a vontade de continuar morando junto, se encontrando todos os dias, dormindo na mesma cama e, principalmente, de ter uma vida em comum tenha acabado. Os casamentos só duraram "até que a morte nos separe" enquanto o amor não pôde fazer parte deles, ou seja, até 1940 aproximadamente.
Mas se havia amor, se eram solidários e se preocupavam um com o outro, onde foi parar aquela amizade? Mesmo que o desejo sexual e a emoção de estar perto não existam mais, e surjam novos interesses, o amor deveria continuar presente, embora em outro tipo de relação. Mas os dois se transformam em estranhos, que mal se conhecem e não têm nada em comum. Por quê?
Muitos acreditam no casamento, como única forma de realização afetiva. Passam a vida esperando o momento de encontrar a "pessoa certa", para, a partir daí, viverem felizes para sempre. No dia a dia, investem na relação, esperando que todas as necessidades sejam preenchidas. Sentem-se protegidos e alimentam a fantasia de que nada vai lhes faltar. O parceiro amoroso se torna, então, imprescindível, parte da vida do outro.
Quando duas pessoas optam pela separação, o distanciamento e a estranheza que se instala entre eles parece mostrar que a importância de cada um na vida do outro nunca existiu por si própria, mas trazida pelo vínculo amoroso – com toda a fantasia do par amoroso idealizado –, só perdurando enquanto existir a relação.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.