A incerteza no amor tem benefícios e pode manter a paixão viva
Não são poucos os casais que vivem numa relação de aparências, que pode servir de proteção do mundo exterior. Ambos podem se tornar dependentes um do outro e do próprio relacionamento. Alcançar um equilíbrio entre autonomia e dependência não é nada simples. A busca de autonomia não significa incapacidade de permanecer numa relação a dois, mas sim a recusa de pagar qualquer preço por ela.
A terapeuta de casais americana Esther Perel faz observações interessantes sobre a dependência emocional na vida a dois, que sintetizo a seguir. Quando se inicia uma relação o amor lhe agarra e você se sente poderoso e não quer que acabe. Mas também tem medo. Quanto mais você se apega, mais tem a perder. Então tenta tornar o amor mais seguro. Procura prendê-lo, torná-lo confiável.
Você assume seus primeiros compromissos e alegremente abre mão de um pouco de sua liberdade em troca de um pouco de estabilidade. Mas a emoção estava ligada a uma certa dose de insegurança. A sua excitação decorria da incerteza, e agora, ao procurar dominá-la, você acaba fazendo a vivacidade se esvair da relação.
Tentando controlar os riscos da paixão, você acabou com ela. Nasce o tédio conjugal. Embora prometa aliviar nossa solidão, o amor também aumenta nossa dependência emocional de uma pessoa. Somos propensos a acalmar nossas ansiedades através do controle. Sentimo-nos mais seguros e diminuímos a distância que há entre nós, aumentamos a certeza, as ameaças perdem a força e refreamos o desconhecido.
Existe uma forte tendência nas relações longas a valorizar mais o previsível. Mas o erotismo gosta do imprevisível. O desejo entra em conflito com o hábito e a repetição. É indisciplinado, e desafia nossas tentativas de controle.
Na vida a dois não queremos jogar fora a segurança porque nossa relação depende dela. Uma sensação de segurança física e emocional é fundamental para uma relação saudável. Mas sem um componente de incerteza não há desejo, não há frisson. A paixão numa relação é proporcional ao grau de incerteza que você pode tolerar.
No fim, modelamos um sistema de convicções, medos e expectativas – algumas conscientes, muitas inconscientes – em relação à forma de funcionamento das relações. Fazemos um pacote bem amarrado com isso tudo e o entregamos ao nosso amor.
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