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Regina Navarro Lins

Geração Beat abriu a porta para o começo da revolução sexual

Universa

25/01/2018 04h00

(Ilustração: Caio Borges)

A chamada Beat Generation constitui-se na vida, na obra e também na lenda de alguns escritores americanos da década de 1950. Acordaram do pesadelo da Segunda Guerra Mundial com a sombra de um cogumelo atômico sobre suas cabeças e produziram livros de poesia e prosa com uma marca muito própria. Eram, essencialmente, contestadores do sistema americano, aquele que ficou conhecido como American Way of Life e que os EUA exportam para todo o planeta.

Esses poetas achavam que tudo estava muito devagar, daí o nome Beat, ritmo, embalo, ligação, e também bater, e beatificar. Esses artistas da palavra estavam descobrindo a cultura negra, a riqueza do jazz, a sensualidade, e a festa, é claro. A festa dos cabarés ao som do sopro do jazz… Foi um movimento de celebração da vida e da liberdade. Afinal, o mundo poderia acabar por qualquer razão idiota que a guerra fria decidisse encontrar.

O grupo inicial tinha na figura de Jack Kerouac sua principal expressão. Jack criou o termo Geração Beat, sacramentado quando o New York Times o publicou. Kerouac escreveu um livro chamado On The Road, algo como Na Estrada. Até hoje os Road Movies, esses filmes em que os protagonistas viajam de carro pelo deserto americano, repetem essa fórmula de sucesso.

Mas Jack não chegou a ser aceito pelo sistema americano. Como todo artista de vanguarda, sofreu rejeição por sua ousadia. Junto com ele vieram poetas com Allen Ginsberg, romancistas como William Burroughs, filósofos com Herbert Marcuse e cientistas como Thimoty Leary, que distribuía LSD no campus da universidade.

A Geração Beat foi uma das principais vertentes que deram origem ao Movimento Hippie, que por sua vez mudou radicalmente o Ocidente. Se a revolução comunista caiu junto com o muro de Berlim, em 1989, os hippies ou seus descendentes podem afirmar que foram vitoriosos, isso porque foi um movimento estético antes de tudo, e o mundo incorporou essa estética. O cinema, a moda, a música, sobretudo, absorveram esse legado vorazmente.

Quando Elvis Presley rebolava as ancas sensualmente, e a TV da época só era permitida a mostrá-lo da cintura para cima, era sinal de que a revolução sexual estava começando. Os beats abriram essa porta e a geração seguinte fez muito sexo ao som de Jimi Hendrix ou com a voz rouca de Janis Joplin ao fundo.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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