Bispa de Londres é um surpreendente sinal da evolução das mentalidades
A notícia de que, nesta segunda feira, a Igreja Anglicana nomeou uma mulher, Sarah Mullally, como Bispa de Londres é um surpreendente sinal da evolução das mentalidades. Mas para avaliarmos melhor essa nomeação é interessante entendermos a própria Igreja Anglicana
No início do século 16 (1509), o jovem rei da Inglaterra Henrique VIII casa-se, por imposição do pai e contingência dos trâmites de sucessão da nobreza, com a viúva de seu irmão, e filha do rei da Espanha, Catarina de Aragão. Mas ela não lhe dá o herdeiro que ele desejava e apenas uma menina, Maria Tudor, sobrevive entre as quatro filhas.
Henrique cai na farra com amantes variadas, o que não era novidade nem condenável para um rei numa sociedade extremamente patriarcal. O problema surge quando, aos 36 anos, ele conhece e se encanta pela jovem Ana Bolena, contratando-a como dama de honra da rainha.
Apaixonado, deseja se casar com Ana e dirige insistentes pedidos ao Papa Clemente VII para que anule seu casamento com Catarina. A protelação de Roma faz com que Henrique case secretamente com Ana Bolena, antes mesmo da separação oficial de Catarina de Aragão. A nova esposa está grávida, também de uma menina, a futura rainha. O arcebispo de Canterbury, Thomas Cranmer, anula o primeiro casamento e oficializa o segundo, coroando Ana Bolena como rainha.
Esse ato de pura insolência imperial causa duas mudanças profundas na História da civilização ocidental, de um lado institui o exemplo Real do divórcio, com um novo casamento imediato, e de outro provoca o rompimento da igreja romana com os ingleses, quando o Papa decide excomungar Henrique. Do imbróglio nasce a Igreja Anglicana em ruptura definitiva com Roma.
O novo casamento vem abaixo sem o nascimento de um herdeiro homem. Henrique, cansado dela, acusa Ana de adultério. A rainha acaba presa e sua cabeça é decepada. Os seis supostos amantes também recebem pena de morte. A notícia de uma mulher como Bispa da Igreja Anglicana é, portanto, uma boa notícia: mais um passo dado na direção de direitos iguais mesmo que em antigas e conservadoras instituições.
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