Por que “Garganta Profunda” mudou como vemos os filmes pornôs?
Ilustração: Caio Borges
Dos filmes pornográficos distribuídos para o grande público, o primeiro e um dos únicos com sucesso foi foi Deep Throat (Garganta Profunda- EUA, 1972). Ele narra a dificuldade da protagonista em atingir o orgasmo até o momento em que descobre que seu clitóris está de fato localizado no fundo de sua garganta, e que só o sexo oral no homem poderá proporcionar-lhe verdadeiro prazer.
Deep Throat mostra sete felações (sexo oral no homem), quatro cunilínguas (sexo oral na mulher) e uma orgia coreografada, em que os homens ejaculam em câmara lenta. A atriz Linda Lovelace se tornou celebridade instantaneamente. Mas o filme teve de se defender diante da corte de Nova York.
A atriz norte-americana Linda Lovelace
Crédito: Associated Press
A psicóloga Marilyn Fithian, testemunha de defesa, afirmou que Deep Throat era um filme educativo e de reabilitação social, e o doutor John Money, professor da universidade John Hopkins, concluiu que haveria menos divórcios se as pessoas assistissem a filmes como este. Deep Throat, para ele, anulou a crença vitoriana segundo a qual o que se passa da cintura para cima é amor e o que se passa da cintura para baixo é abominável.
Após analisar mil páginas de testemunhos, o juiz Joel Tyler considerou que o filme era "uma festa imunda e sórdida", e acrescentou: "É uma garganta que merece ser cortada". O julgamento deu publicidade extra ao filme. O Rochdale College, em Toronto, promoveu exibições ilegais gratuitas para quem fosse nu. Pouco depois, a apelação diante da Corte Suprema suspendeu a sentença que condenara o filme.
O sucesso de Garganta Profunda não teve força para tornar legítima a distribuição comercial de filmes do gênero, mas suscitou, na época, uma ampla discussão sobre censura e sexo. "Deep Throat foi a contribuição da cultura pop para mudar a maneira de encarar o sexo nos Estados-Unidos", disse Michael Perkins, autor de um livro baseado no filme. Foram vendidos em duas semanas um milhão de exemplares.
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