Topo

Regina Navarro Lins

"Ele insistia, mas quando tomei a iniciativa, ele fugiu"

Regina Navarro Lins

18/09/2017 04h00

Ilustração: Caio Borges

"Surpreendi um colega de trabalho, após quase um mês de assédio dele. Suas tentativas de aproximação eram constantes, mas educadas, o que me impediu de denunciá-lo à direção da empresa. Mas me incomodavam. Um dia cheguei com a cabeça virada. Como sempre, quando ficávamos a sós na sala, ele veio com a conversa sedutora. Ao contrário de sempre, quando eu não o encarava, olhei bem em seus olhos e disse: 'Chegou a hora, você me convenceu. Nosso turno acaba em 30 minutos, vamos para um motel ou para a sua casa?' Ele pareceu ter sido atingido por um raio… Pediu desculpas dizendo que precisava terminar um relatório e virou as costas. Não se dirige mais a mim. Não quero ter uma relação constrangedora com um colega. O que fazer?"

***

Há homens que ainda ficam assustados quando a mulher toma a iniciativa. Temem dar um branco na hora e não saber como agir nem o que dizer. Afinal, o papel de conquistador é o único que conhecem, e fora dele não dá para se sentir à vontade. Sempre acreditou que faz parte da natureza masculina ser ativo e da feminina, a passividade. Mas é inegável que, apesar de tantos equívocos e limitações, antes viviam bem menos ansiosos nessa área do que agora.

O papel que homem e mulher desempenhavam no sexo sempre teve regras claramente estabelecidas. Fazia parte do jogo de sedução e conquista o homem insistir na proposta sexual e a mulher recusar. Quanto mais ela recusava mais ele insistia.

Para a mulher era um tormento. Além de toda a culpa que carregava por estar permitindo intimidade a um homem, seu desejo era desconsiderado, assim como seu prazer. Não podia relaxar um segundo. Ela sabia que, se não se controlasse, seria logo descartada e ainda por cima rotulada de fácil.

Quando a mulher resistia às investidas, a autoestima dele não era abalada. Ele se apoiava na convicção de que o motivo da recusa se devia exclusivamente a ela ser uma mulher "direita". Assim, ficava livre da preocupação de ter sido rejeitado por não agradar à parceira.

Agora é diferente. Cada vez mais as mulheres dão sinais de não estarem nem um pouco dispostas a se mostrarem belas e esperarem passivamente que os homens se sintam atraídos e tomem a iniciativa. Isso está aos poucos se tornando coisa do passado. O machão está em baixa, e a mulher busca homens que se relacionem com ela em nível de igualdade em tudo, também no sexo.

***

Você também vive um conflito amoroso e sexual? Escreva para blogdaregina@bol.com.br e conte sua história em até 12 linhas. Ela pode ser comentada aqui no blog e sua identidade não será revelada.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

Blog Regina Navarro