Por que ainda criticamos quem deseja ser mãe ou pai sem ter um parceiro?
Você já ouviu falar em coparentalidade? É uma opção que está se tornando cada vez mais comum: homens e mulheres se conhecem e decidem gerar um filho sem estar num relacionamento amoroso. Foi lançado um site e um aplicativo para facilitar os encontros entre os interessados na coparentalidade. Mais de 400 pessoas já se cadastraram na plataforma em busca de um parceiro coparental. "Ter um filho é assumi-lo, amá-lo e educá-lo, sem a necessidade de amar outra pessoa para isso. É preciso separar uma relação conjugal de uma relação parental", disse a idealizadora do aplicativo, a jornalista Taline Schneider.
Muitos atacaram essa iniciativa, mas a família é a mais antiga de todas as instituições humanas porque é a mais flexível. Nos últimos 50 anos a família nuclear — pai, mãe e filhos — constituída a partir da Revolução Industrial, no final do século 18, foi se transformando radicalmente. Naquela época, quando os pais foram trabalhar nas fábricas e escritórios, se distanciaram dos filhos. A mãe passou a ser a única responsável pelos cuidados do lar e da criança.
É raro encontrar uma mulher com mais de 35 anos que, não tendo filhos, esteja tranquila quanto à possibilidade de nunca vir a ser mãe. Com o passar do tempo, algumas tomam decisões que não podem mais ser adiadas: escolhem qualquer homem para ser pai do seu filho ou então buscam num banco de sêmen um doador desconhecido.
Muitos homens também desejam ter filhos, mesmo que não estejam numa relação estável. Esse novo pai tem atitudes ignoradas pelo homem de algumas décadas atrás. Alimenta, troca fraldas, dá banho e passeia sozinho com seus filhos. Dois mil meninos australianos da escola primária, interrogados sobre sua atitude em relação ao mundo que conheciam, revelaram a transformação: definiram o pai com "a pessoa que cuida da gente".
Aos que criticam essa nova forma de ser mãe e pai, gostaria de finalizar com o comentário de um internauta do UOL: "Tive minha filha nesse esquema e tanto eu, como a mãe e minha filha somos muito felizes! Ela já tem 8 anos, tem duas casas – moramos a 900 metros um do outro – a guarda é compartilhada (ela fica comigo de domingo à quarta, e de quarta à noite à domingo pela manhã com a mãe). Nunca brigamos! Nos unimos pelo desejo mútuo de sermos pais! Viva o século XXI!!!"
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