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Regina Navarro Lins

“Tenho atração sexual por homens, mas ao mesmo tempo sinto nojo; o que fazer?”

Regina Navarro Lins

10/07/2017 04h00

Ilustração: Caio Borges

"Tenho 26 anos, sou homem e não sei o que fazer. Tenho atração sexual por homens, mas ao mesmo tempo sinto nojo. É esquisito: às vezes, transo com homem, mas não consigo fazer nada direito. Sou passivo na cama e não consigo fazer sexo anal e oral, porque acho nojento. Nunca namorei. Meus pais me cobram uma namorada. Até acho algumas meninas bonitas, mas não tenho atração sexual por elas. Sinto nojo de homem e não consigo ter atração por mulheres. Queria ser normal, ter uma namorada, ir ao cinema, ao restaurante, pensar em ter um filho… Já perdi o contato com os amigos, pois tenho medo de sair e alguma menina querer ficar comigo, e não consigo fazer sexo com mulher. Por isso, fico em casa. Não tenho coragem de contar isso para ninguém."

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Geralmente é na adolescência que a orientação afetivo-sexual começa a ser percebida. É comum o adolescente se sentir diferente, não compartilhar dos mesmos interesses do grupo de amigos, mas não entender bem o que se passa com ele. Assustado, muitas vezes não consegue admitir nem para si mesmo seus sentimentos e desejos. Tenta negar a ideia de homossexualidade, pois sabe que isso não seria aceito, que decepcionaria a família, os amigos e a si próprio.
Com esse conflito interno, ele confunde amizade, amor e desejo sexual. Aceitar-se como homossexual é para a maioria um processo difícil, cheio de dúvidas e medos. Não há com quem conversar e surge a sensação de que vai ser rejeitado e nunca compreendido.

O primeiro ato sexual é um momento decisivo na vida de um homossexual. Pode demorar muitos anos para acontecer e, quanto mais tarde, mais afeta a personalidade. As tentativas de suicídio são, nesses casos, duas vezes mais frequentes do que no restante da população da mesma idade.

Entretanto, passado esse momento, os homossexuais apresentam um índice de suicídio muito baixo. Afinal, ser homo não significa infelicidade, assim como os 90% da população sabem que ser hetero não garante felicidade a ninguém.

O conflito homossexual, por maior que seja, vem do meio social. O pior inimigo do homossexual, entretanto, é a sua própria homofobia. introjetando de tal forma os valores da sociedade em relação à homossexualidade, muitos gays se recriminam por desejar outro homem. Negam completamente o sexo ou levam uma vida dupla, casando e tendo filhos. É grande o esforço que fazem para acreditar que são heterossexuais, mesmo à custa de muito sofrimento.

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Você também vive um conflito amoroso e sexual? Escreva para blogdaregina@bol.com.br e conte sua história em até 12 linhas. Ela pode ser comentada aqui no blog e sua identidade não será revelada.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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