O mito do amor romântico é uma mentira
Ilustração: Caio Borges
Quando estamos amando, para manter a fantasia de que o outro nos completa, exigimos dele ser tudo para nós e nos esforçamos em ser tudo para ele. O mundo deixa de ter importância; não são poucos os que se afastam dos amigos, abrindo mão de coisas importantes para agradar o outro.
O psiquiatra americano M.Scott Peck diz em seu livro: "Embora eu pense que, de um modo geral, os grandes mitos são grandes precisamente porque representam e incorporam grandes verdades universais, o mito do amor romântico é uma terrível mentira. Como psiquiatra, o meu coração chora quase todos os dias pela horrível confusão e sofrimento que este mito gera. Milhões de pessoas desperdiçam enormes quantidades de energia tentando desesperada e inutilmente fazer com que a realidade de suas vidas se ajuste à realidade do mito."
O problema é a intimidade do dia-a-dia, porque é impossível não enxergar a pessoa como é, percebendo assim aspectos que nos desagradam. Não é possível manter a idealização; você se dá conta então de que o outro não é a personificação de suas fantasias. Mas para que essa situação seja mantida, são feitas inúmeras concessões. Há um acúmulo de frustrações que torna a relação sufocante. A consequência natural é o desencanto, muitas vezes com ressentimento, mágoa e a sensação de que foi enganado.
Assistimos a grandes transformações no mundo, e, no que diz respeito ao amor, o dilema atual se situa entre a vontade de se fechar na relação com o parceiro e o desejo de liberdade; e este último começa a predominar. Afinal, a fantasia de fusão faz ambos perderem, de alguma forma, a identidade própria e, portanto, os próprios limites. Acredito ser apenas uma questão de tempo; as mudanças são lentas e graduais, mas definitivas, nesse caso.
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