A separação e o medo da solidão
A questão da semana é o caso da internauta casada há 30 anos, que vive uma relação péssima, com muitas brigas. Ela se questiona sobre os motivos que ainda a fazem continuar na relação e pergunta se é por piedade ou porque tem medo de ficar sozinha.
No relato da internauta dois aspectos chamam a atenção: as brigas com o marido e o medo de ficar sozinha.
Certa vez, conversando sobre relacionamento amoroso com as cantoras Nana Caymmi e Elza Soares perguntei a elas por que os casais brigam. Ouvi respostas bem diferentes.
Nana me disse que sempre as brigas ocorrem por causa dos problemas financeiros. As brigas todas, bebedeiras, são porque as pessoas gastam mais do que podem. "Para mim a relação vai para a cucuia, não é por falta de amor não. É por ter que pagar o aluguel e tudo mais. O dinheiro é primordial, é só ler o jornal e você não vê um barraco que não seja por dinheiro."
Elza já deu uma outra visão para as brigas: "A coisa mais difícil na vida a dois é o banheiro. A toalha no chão também começa a complicar a cabeça…e aquelas roncadinhas estranhas… A gente acorda muito feia, tem que dormir maquiada. E de madrugada é bom ir até o banheiro e passar um batonzinho."
Como essa conversa aconteceu há quase 20 anos, não sei se elas ainda pensam assim. Mas, na realidade, é muito difícil saber por que um casal começa a brigar. Na maior parte das vezes nem as pessoas envolvidas conseguem perceber o motivo.
Entretanto, o que menos importa é o tema da briga; por qualquer razão o rancor que existe e que se tenta negar escapa, sem controle. Alguns chegam ao ponto de, após anos de vida em comum, ir deixando de se falar. Mas ficam ali, juntos, sem nem pensar em separação.
As pessoas têm medo de se separar. Medo de ficar só, de sentir falta do outro, de não encontrar um novo amor, de não conseguir se sustentar, de se sentir jogadas fora.
Na busca de segurança afetiva, qualquer preço é pago para evitar tensões que podem surgir numa vida autônoma. Como mecanismo de defesa, surge a tendência a não se pensar na própria vida. Tenta-se acreditar que casamento é assim mesmo. Aí é que reside o perigo.
Se a pessoa não tomar coragem e sair fora, vai viver exatamente o mesmo que um sapo desatento. Uma fábula conta que se um sapo estiver em uma panela de água fria e a temperatura da água se elevar lenta e suavemente, ele nunca saltará. Será cozido.
Mas as coisas estão mudando. Buscam-se formas de viver a dois, em que os encontros se deem por prazer e não mais por dependência ou pela imposição de um compromisso.
E se torna cada vez mais importante todos refletirem sobre as crenças aprendidas. Principalmente, aquela que prega que estar sem um par amoroso significa solidão.
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