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Regina Navarro Lins

Exposição que transexuais têm alcançado pode acabar com preconceito

Regina Navarro Lins

22/11/2016 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana não teria nenhum problema em ser amigo íntimo de uma pessoa transexual, o que é ótimo.

Mas não podemos negar que para a maioria das pessoas o ser humano apresenta características de um sistema binário que é feminino e masculino.

Isso divide homens e mulheres de acordo com seus órgãos genitais e comportamento social esperado de cada sexo. Entretanto, existem variações que tornam essa divisão menos simples do que parece.

Há pessoas que não se sentem identificadas com o seu corpo, ou seja, sua identidade de gênero é diferente daquela designada no nascimento e tentam fazer a transição para o gênero oposto através de cirurgia de redesignação sexual.

Pela história, desde a Antiguidade, há diversos exemplos. Um deles é o mito grego de Tirésias, profeta cego de Tebas – famoso por ter passado sete anos transformado em uma mulher.

Outro, o imperador romano Heliogábalo se casou formalmente com um escravo, adotou o papel de esposa e oferecia metade de seu império ao médico que o equipasse com uma genitália feminina.

A sexualidade passou a ser objeto de pesquisa no final do século 19. O que estava fora do padrão foi classificado como patologia, como aconteceu com homossexualidade até 1973, quando a Associação Médica Americana a retirou da categoria de doença.

A transexualidade está hoje num momento importante desse processo. A França, onde deixou de ser considerado transtorno mental em 2010, foi o primeiro país a tomar esta decisão.

Na Austrália, em 2011, um indivíduo foi considerado "sem sexo", por não se encaixar nas categorias de homem e mulher. A Argentina criou uma lei de reconhecimento à identidade do cidadão transexual.

No Brasil, todas as instituições de ensino têm que acatar quando um aluno transexual pedir para ser chamado por outro nome. O estudante também conquistou o direito de usar o banheiro de acordo com a sua identidade de gênero.

Transexuais vieram à superfície social há pouco tempo e são alvo de muitos preconceitos. Afinal, aceitar a ideia de que um homem deseja ser uma mulher e vice-versa é difícil de ser digerida pelos conservadores, que não aceitam quem escapa dos modelos.

Por isso há tanto preconceito e, consequentemente, tanto sofrimento. Mas a exposição que os transexuais estão alcançando mostra que as mentalidades estão mudando.

Acredito que daqui a algum tempo em vez de hétero, homo, bi, trans, diremos simplesmente "sexualidade".

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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