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Regina Navarro Lins

O prazer de ver a própria mulher nos braços de outro

Regina Navarro Lins

13/08/2016 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

Comentando o "Se eu fosse você"

A questão da semana é o caso do internauta que sempre sentiu tesão de imaginar outro homem transando com sua namorada. Ele tem dúvidas se deveria experimentar ou seria um tiro no pé na relação com ela. A namorada tem curiosidade.

Uma relação amorosa extraconjugal pode levar a uma vingança violenta, como um homicídio. Ou a uma satisfação erótica de homens adeptos do cuckold.
Traduzindo para a linguagem objetiva trata-se de homens que se excitam ao visualizar suas mulheres fazendo sexo com outro homem. E isso é bem mais comum do que se pensa.

O termo cuckold vem do inglês cuckoo, que é uma referência ao pássaro cuco, a mesma ave que inspirou o relógio cuco, pois o macho dessa espécie abriga em seu ninho uma fêmea que também se relaciona com outros pássaros.

O pesquisador da sexualidade Alfred Kinsey afirma que, nos mamíferos, quase todos os machos e algumas fêmeas, ficam excitados ao observarem animais copulando, o que também ocorre com os humanos.

Segundo suas pesquisas sobre voyeurismo, a observação do sexo oposto em atividade sexual é considerada erótica mais por homens do que por mulheres na proporção de 72% a 58%. No caso de fotografias de nus, 52% dos homens e 12% das mulheres reagem sexualmente.

Outro pesquisador verificou que 16% das mulheres e 83% dos homens adultos sentem desejo de observar pessoas nuas ou fazendo sexo, sendo que 20% das mulheres e 65% dos homens já realizaram isso.

Há sempre um grupo de pessoas fascinadas junto à jaula de um macaco, no zoológico, quando ele está copulando com sua parceira. Isso sem falar nos motéis com espelhos nas paredes e nos tetos e o sucesso que fazem os filmes pornográficos.

O cuckold é uma espécie de voyeur. A diferença é que o voyeur se excita ao ver qualquer pessoa transando. Já no caso do cuckold, o que excita é assistir especificamente a relação sexual de sua namorada ou esposa com outro homem.

Quase todas as pessoas têm fantasias sexuais. Com as fantasias a vida sexual ganha uma diversidade que seria impossível no cotidiano. Por mais que exista grande atração entre um casal, a excitação não se dá sempre da mesma forma, tem altos e baixos.

Lançar mão desse recurso funciona, muitas vezes, como estimulante para se recuperar a intensidade do desejo. Colocar em prática uma fantasia, que não é aceita socialmente — no caso, o cuckold — causa algum temor. Afinal, ninguém sabe o que vai acontecer depois.

De qualquer forma, é importante que o casal avalie bem a fantasia, e o desejo de realizá-la que se apresenta no momento, e procure se certificar de que ela está exclusivamente a serviço do prazer de ambos.

Qualquer coisa que se faça no sexo só para agradar ou satisfazer o outro pode ter um preço tão alto que inviabilize a própria relação.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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