O que é um bom sexo?
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso do internauta, 32 anos, solteiro, que acredita não saber fazer sexo. Suas últimas três namoradas lhe passaram essa ideia. Disseram que ele não sabe dar prazer a uma mulher.
"Um bom sexo depende da expectativa de cada um. Para uma pessoa comum é ter um orgasmo, depois outro, mais outro… e acabou. Isso ocorre porque ela está muito ligada ao sexo animal. O bichinho sente um impulso instintivo, cruza, espalha suas sementinhas e pronto. Para os tântricos, o sexo oferece expectativas maiores. É possível viver o sexo intensamente, não aqueles segundinhos de mero espasmo nervoso. O que a gente quer não é um orgasmo, nem mesmo um orgasmo múltiplo, e sim um hiperorgasmo.", diz Mestre De Rose, autor de vários livros sobre o tema.
O psicoterapeuta e escritor José Ângelo Gaiarsa dizia que "o sexo praticado é extremamente estereotipado. Qual é o resultado disso? 70% dos americanos ejaculam dois minutos ou menos depois da penetração. E segundo os especialistas, nós, os ocidentais, temos, todos, ejaculação precoce. O Tantra, que é primoroso a esse respeito, mostra o que o ocidental perde de prazer! E sempre servindo ao patriarcado, porque o nosso prazer é tão precário que você não vai brigar demais por ele. Você perde a noção do que é prazer e felicidade. Se você tem prazer e conhece a felicidade você tem tesão geral. Se você vai matando este tesão primário da vida, você se torna parte de um rebanho, vai brigar para quê?"
Apesar de todas as mudanças de comportamento, a partir da década de 1970, na intimidade da vida de cada um, o sexo continua sendo para a maioria um problema complicado, difícil, cheio de dúvidas e auto-julgamentos negativos.
A liberdade sexual de hoje é mais falada do que realizada, ainda existindo em quase todos uma carência fundamental de sexo, tanto em quantidade como em qualidade. Não é sem motivo que o psicanalista Wilhelm Reich falava na miséria sexual das pessoas.
Mas poucos se dão conta disso; as dificuldades sexuais são tantas que quando ocorre uma descarga sexual acham que foi tudo bem. E nesse caso a frase de Jung, "O pior inimigo do ótimo é o bom", cai como uma luva. Mas, enfim, por que o sexo praticado entre nós é de tão baixa qualidade?
O ser humano possui uma amplitude sexual inigualável, podendo experimentar e viver a sexualidade desde a simplicidade reprodutora de um puritano até o êxtase do sexo tântrico.
Para Reich, a saúde psíquica depende do ponto até o qual o indivíduo pode entregar-se e experimentar o clímax de excitação no ato sexual. As enfermidades, ao contrário, seriam o resultado do caos sexual da sociedade. Afinal, o ser humano é a única espécie que não segue a lei natural da sexualidade.
Gaiarsa afirmava que sexo reprimido quer dizer liberdade reprimida. Ao restringir o sexo, a sociedade consegue ao mesmo tempo paralisar o indivíduo, isto é, torná-lo bonzinho, dócil, submisso, resignado, fácil de levar, de assustar e de explorar.
E é por isso que o sexo é responsável pela maior perseguição na área dos costumes humanos e o maior mistério diante do óbvio. Gaiarsa não tem dúvida de que se o indivíduo vai ampliando, aprofundando e diversificando sua vida sexual, vai ficando corajoso para fazer as coisas.
Vive com mais alegria, esperança e decisão. Portanto, pode ficar perigoso do ponto de vista da ordem estabelecida. Não foi à toa que todas as forças repressoras de todas as épocas se voltaram tão sistematicamente contra a sexualidade humana.
Dessa forma, os estereótipos tradicionais de masculinidade e feminilidade das sociedades patriarcais inibiram a capacidade de homens e mulheres para o prazer sexual. As mulheres tiveram sua sexualidade reprimida e distorcida, a ponto de até hoje algumas serem incapazes de se expressar sexualmente, muito menos atingir o orgasmo.
Os homens, por sua vez, também tiveram a sexualidade bloqueada. A preocupação em não perder a ereção é tanta que fazem um sexo apressado, com o único objetivo de ejacular. A mulher, com toda a educação repressora que teve, ainda se sente inibida em sugerir a forma que lhe dá mais prazer. Acaba se adaptando ao estilo imposto pelo homem, principalmente por temer desagradá-lo.
Exercer mal o sexo é isso: não se entregar às sensações e fazer tudo sempre igual, sem levar em conta o momento, a pessoa com quem se está e o que se sente. É fundamental não ter preconceito nem vergonha, considerar o sexo natural, fazendo parte da vida.
A busca do prazer pode então ser livre e não estar condicionada a qualquer tipo de afirmação pessoal. O sexo pode ser ótimo quando se cria o tempo todo junto com o parceiro e o único objetivo é a descoberta de si e do outro. Assim, ele deixa de ser a busca de um prazer individual para se tornar um poderoso meio de transformar as pessoas.
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