Convivência insuportável
Comentando a Pergunta da Semana
Quase todos que responderam à enquete da semana já se relacionaram com alguém muito diferente.
É ótimo quando as pessoas que vivem juntas combinam, gostam de estar juntas, pensam da mesma forma sobre questões importantes da vida.
Mas algumas divergências de interesse ou gosto podem atrapalhar bastante ou até inviabilizar a relação. Quanto menos houver dependência entre as duas partes do casal, mais fácil será encontrar um caminho para conviver com as diferenças.
A forma como as pessoas são afetadas por essas variáveis é decisiva para o desenrolar da vida a dois. Alguns não se incomodam de ceder: o que para um é fundamental pode não ter muita importância para o outro. Mas nem sempre é assim.
Quando um dos parceiros é caseiro e o outro adora sair com amigos? Está criado um impasse? O que gosta de sair abre mão de seu prazer, mas fica de mau humor?
Se o casal preza a liberdade é possível contornar a situação. Quem gosta de sair, sai, quem não gosta fica em casa. É claro que isso está inscrito dentro dos limites dos códigos que, mesmo inconscientemente, são estabelecidos em todo relacionamento amoroso.
Recebi um e-mail em que uma internauta conta que o marido viajava muito quando se casaram, mas mudou de atividade profissional e passou a ficar em casa a maior parte do tempo. Aí as diferenças saltaram aos olhos.
"Ele agora está trabalhando em casa. Qualquer tempinho livre, liga a TV nos canais de esporte, assiste a todos os jogos, ri e comenta pelo telefone com amigos sobre os jogos durante longos períodos. É insuportável. Quando quero assistir à minha novela ele fica de cara amarrada… Não posso mais receber minhas amigas, nem falar ao telefone livremente; ele me solicita muito e reclama se demoro. Estou muito infeliz e detestando estar casada, mas vou levando…"
Durante o casamento as incompatibilidades podem infernizar o dia-a-dia — as que já havia e as novas que surgem —, mas o que não falta é gente para convencer o casal de que na vida a dois é simplíssimo fazer muitas concessões.
"Os dois têm que ceder", "Tem que ter paciência com os erros do outro", são os jargões mais utilizados. Para quem acredita nisso não tem saída. O casamento passa a ser aquele fardo pesado de carregar, mas a moral conservadora, aliada à fantasia do par amoroso idealizado, deve ser mantida a qualquer custo.
As frustrações vão se acumulando e o cotidiano vai se tornando insuportável. Como mecanismo de defesa, surge a tendência a negar o que se detesta no outro ou na própria vida. Tenta-se fazer de conta que está tudo bem. Aí é que reside o perigo.
Se a pessoa não tomar coragem e sair fora, vai viver exatamente o mesmo que um sapo desatento. Uma fábula conta que se um sapo estiver em uma panela de água fria e a temperatura da água se elevar lenta e suavemente, ele nunca saltará. Será cozido.
Por mais medo que se tenha do novo e do desconhecido, por mais que seja difícil recomeçar uma nova vida, existe coisa pior do que ser cozido lentamente no conformismo de um casamento insatisfatório?
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