O casamento como meta
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso do internauta, de 35 anos, que considera o seu namoro atual a melhor relação que já viveu. O problema é a pressão que a namorada faz para se casar e ter filhos. No momento, ele ainda não deseja morar junto. Diz que se não houvesse essa pressão toda, ele estaria mais seguro quanto ao futuro desse relacionamento. Não sabe o que fazer para lidar melhor com a situação.
Uma crença dominante até os anos 70, e ainda na cabeça de muitas mulheres, é a de que elas devem fazer tudo para conseguir um marido. É como se a mulher não se realizasse sem o casamento e a maternidade.
Na prática era uma troca da dependência familiar pela submissão ao marido. Ela devia agradá-lo, resolvendo todos os problemas domésticos e ainda preservar uma boa aparência. Passados mais de 50 anos, muitas mulheres se cobram da mesma forma.
Essa maneira de agir tem História. Há alguns séculos as mulheres solteiras iam para conventos ou trabalhavam como prostitutas em bordéis. Estar sem marido equivalia a não ter nenhum valor.
Quem não se casasse tinha uma vida infeliz. Pobre das "solteironas". Eram mal faladas ou reclusas. Havia a incapacidade de se sustentarem sozinhas, além do peso de transgredir a "lei da natureza", a realização na maternidade.
O amor romântico, quando por volta de 1940 passou a fazer parte do casamento, trouxe a ideia de complementação, mas essa proposta é ilusória porque ninguém complementa o outro.
O desamparo de cada um só pode ser atenuado pela própria pessoa a partir de si mesma. Nosso anseio amoroso ambiciona a recuperação da harmonia vivida antes do nascimento, no útero de nossa mãe.
Infelizmente não são poucas as mulheres que se sentem inferiorizadas pela falta de um homem ao lado. Há muitas que sentem tanto medo que se contentam com uma relação morna, frustrante e mesmo difícil de suportar dentro do casal.
A virada definitiva do comportamento amoroso e sexual veio com o surgimento da pílula anticoncepcional a partir dos anos 60. O sexo foi dissociado da procriação e aliado ao prazer. A mulher se liberta da angústia da maternidade indesejada e passa a reivindicar o direito de fazer do seu corpo o que bem quiser.
Mas o processo de mudança de mentalidade ainda não chegou ao fim. É preciso rejeitar os modelos tradicionais de comportamento para que possamos perceber com mais clareza nossos próprios desejos. Casar ou não, ter filhos ou não, deve ser uma opção individual, afastada das expectativas que foram criadas para as mulheres.
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